O presidente da Junta de Freguesia de Pontével voltou à carga nesta última reunião do executivo camarário, realizada no dia 3 de agosto, trazendo algumas das questões que tem vindo a fazer diretamente em reuniões dos órgãos autárquicos, assim como por escrito, às quais diz não ter ainda obtido respostas.
Na realidade, parece que nem nesta última reunião saiu satisfeito, depois do presidente da Câmara só lhe dar resposta a duas das suas questões e, demonstrada a insatisfação do presidente da Junta de Pontével, ainda o acusar de ter um “discurso do coitadinho” que “já está gasto” e sem “adesão nenhuma à realidade”.
Tudo começou com Jorge Pisca a lembrar que “após inúmeros e-mails enviados à CMC”, assim como questões que voltou a colocar ainda este mês em Assembleia Municipal e reunião de Câmara, e o que vem obtendo são respostas “vagas e imprecisas”. Voltou, por isso, a questionar sobre o funcionamento da ETAR e a solicitar as análises das ETAR do concelho; perguntou para quando o acesso a água canalizada no beco dos Matas, nos Casais das Areias, “cuja população veio cá [reunião de câmara] há mais de um ano – e nada”; pediu esclarecimentos sobre o novo plano pormenor do Casal Branco e sobre a diminuição do caudal do Rio da Fonte (que diz já ter questionado no ano passado); e, mais uma vez, perguntou para quando as obras de retirada do amianto no mercado de Pontével, as quais constam no orçamento municipal desde 2018.
Mas, mais uma vez, queixou-se de não ver respondidas as suas perguntas, depois de Pedro Ribeiro dizer ter tomado nota das mesmas e nelas ir “trabalhar para dar respostas”, respondendo-lhe naquele, somente, a duas questões. Sobre o funcionamento das ETAR, que Jorge Pisca diz desconfiar não estarem sequer a funcionar e voltou a pedir esclarecimentos, assim como as análises às águas das ETAR, Pedro Ribeiro disse querer fazer uma visita com o executivo, membros da Assembleia, presidentes de junta, técnicos municipais e da Cartágua, “para que todas as questões possam ser respondidas” e para “ver no terreno o que já está feito”.
Relativamente ao mercado de Pontével, o presidente da Câmara disse que estão a “preparar uma série de cadernos de encargos, dentro dos valores base que temos estimados, para a reabilitação de alguns equipamentos e de alguma rede viária que estava inscrita em orçamento”, nos quais se encontra o mercado de Pontével “não só por causa do amianto, mas também para uma série de obras que estavam inventariadas”, tal como intervenções nalgumas escolas da freguesia de Pontével, sendo “várias obras a realizar, umas por orçamento municipal outras pelo programa que o governo criou para a retirada de amianto”.
“Não levo respostas nenhumas outra vez!”, retorquiu Jorge Pisca. “Agradeço a visita à ETAR e agradeço que antes nos enviem as análises para podermos colocar as questões durante a visita, porque sem nada oficial, o vento leva as palavras”, reforçando que “as análises têm de aparecer” e que “se a Cartágua não faz o trabalho dela”, a Câmara deve exigi-las. Já na questão do mercado, o presidente da Junta de Pontével diz que “já houve muitas visitas, mas mais uma vez se olhou para o que lá está e até à data não passamos do “vamos pedir orçamentos”, recordando que o mercado de Pontével ficou sem intervenção devido a uma prioridade no mercado do Cartaxo, cujo telhado, constatou, não chegou a ser intervencionado e “até hoje ainda não caiu” e depois foram retiradas as telhas do mercado de Vila Chã de Ourique, continuando o de Pontével por tratar. “Nós vamos ficando para trás e a população de Pontével também merece”, reclamou.
Pedro Ribeiro, que já havia dito a Jorge Pisca que trabalhasse mais e falasse menos, desta vez respondeu: “esse discurso do coitadinho já está gasto e, além disso, qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que não tem adesão nenhuma à realidade”. O presidente da Câmara voltou a lembrar “o investimento de 1 milhão de euros no Cento Escolar”, assim como na ETAR de Pontével, “um problema que se arrastava há décadas e que está em resolução”, entre outros exemplos, enumerando as associações da terra, entre outros projetos sociais e culturais. “Essa figura do desgraçadinho pode dar alguns votos, mas não tem qualquer adesão à realidade”, concluiu Pedro Ribeiro.
Jorge Pisca não gostou do que ouviu. “Não sei onde quer chegar, mas na freguesia de Pontével não há coitadinhos, nem no Cartaxo”, afirmou, referindo que nada tem contra as outras freguesias do concelho. “Se eu tenho de falar diversas vezes nas mesmas coisas é porque as coisas não são feitas. Fui eleito para defender os interesses de Pontével”, justificou Jorge Pisca que se diz no direito de ir ali reclamar e questionar sobre o que acha que está mal, “não venho fazer política”, remata.
Esta não é uma discussão inédita e Jorge Pisca, eleito pelo Movimento Independente Pluralista, há dois mandatos consecutivos, não desarma. Não perca a entrevista ao presidente da Junta de Pontével na próxima edição do Jornal de Cá (em banca esta sexta-feira – 7 de agosto).