Ruas sem nome causam dificuldades a munícipes

 

A reunião de Câmara do Cartaxo desta segunda-feira, 21 de março, descentralizada na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense, em Pontével, foi a mais participada de sempre, com a intervenção de 12 munícipes, que levaram ao executivo as mais variadas questões.

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Madalena e Vítor Ribeiro foram dois dos munícipes a intervir no período antes da Ordem do Dia. Estes dois munícipes são moradores na freguesia de Pontével e “vivemos numa rua que não tem nome”, disse Madalena Ribeiro, acrescentando que já deu conta desta situação à Junta de Freguesia por diversas vezes. “Isto é Casal Branco, e fomos confrontados com uma situação agora, que foi renovar o Cartão de Cidadão, e fora do Cartaxo não conseguimos, porque disseram que era impossível vivermos numa localidade que não tinha nome de rua nem código. Entretanto, o código foi dado e responderam-me na Junta que eu teria de escolher o nome de uma rua. E eu ri-me. Porque se eu moro no local e escolho uma rua que abrange a freguesia de Pontével, como é que o correio vai lá parar? Mas não tínhamos outra situação, senão não conseguíamos renovar o Cartão de Cidadão”. E Madalena Ribeiro prosseguiu, dizendo que “tivemos que realmente dar o nome de uma rua que não é nossa”.

Vítor Ribeiro acrescentou que “há 15 anos, os correios deram-nos como código postal o 202. O 202 não aparece em lado nenhum, mas o que é certo é que os correios, se estiver lá o 202, as cartas vão lá parar. As Finanças – nós pagamos IMI, pagamos tudo – e as Finanças resolveram o problema: três zeros. As Finanças não sabem que há código postal, só sabem que eu, este mês, vou ter de pagar o IMI. Vou à internet buscar o código postal da zona, dá-me o 404, ou lá o que é”. E prosseguiu, dizendo que teve de escolher uma rua que dista cerca de um quilómetro da sua propriedade. “Se por acaso me der uma tontura, o INEM chega lá depois de eu já estar enterrado, porque nunca mais me encontra. Tudo isto é um bocado caricato”, disse.

A tentativa deste casal esclarecer esta situação já vai longa. Para além dos alertas à Junta de Freguesia, Madalena e Vítor Ribeiro já tentaram resolver este imbróglio junto da Câmara do Cartaxo, “onde me disseram que a culpa era dos correios. Consegui falar com o chefe dos correios, que me disse que a culpa não era deles, era da Câmara”, revelou Madalena Ribeiro. “Nós já vivemos lá há 15 anos. Durante este tempo todo não se conseguiu dar nome àquela localidade, e parece que há outras assim. Algumas coisas têm feito, tapando os buracos, que aquilo é péssimo, andar de carro é impossível, andar a pé ainda pior, que nem luz tem”, lamentou esta munícipe. Além disso, “há ainda outra situação, que é os terrenos que não são limpos. O que acontece é que ratos, cobras, tudo passa ali. Uma vez, um presidente que esteve na Câmara do Cartaxo e que entretanto seguiu para Lisboa, para vôos maiores, respondeu-me que quem quer ir para o campo tem as condições do campo. Eu não percebo como é que é isto, nem nunca percebi, porque se nos dão uma licença, se nós não estamos ilegais, porque pagamos IMI e pagamos todos os impostos, como é que esta situação pode acontecer?”, questionou.

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Jorge Pisca, presidente da Junta de Pontével, esclareceu que os correios deram o código postal da zona, “o código postal sempre esteve atribuído. A zona tem um código postal, a rua é que não tem. Aquela rua está denominada como um caminho vicinal, temos centenas de caminhos vicinais que não têm nome”. Jorge Pisca explicou, também, que “eu não disse para escolher o nome de rua, eu disse para, com os vizinhos, proporem um nome para a rua, porque são vocês que moram lá, que nós fazíamos o comunicado à Câmara, à Comissão de Toponímia. Como ninguém escolheu, nós, em reunião de executivo, propusemos ser a Rua do Casal Branco”.

O presidente do Município, Pedro Ribeiro, esclareceu que “a responsabilidade da toponímia é da Câmara Municipal. No processo de atribuição de nomes às ruas nós consultamos sempre as Juntas de Freguesia, no sentido de recolher contributos e sugestões”, adiantando que “temos como objetivo, até final do mandato, resolver as muitas situações que sabemos que existem”. “Os correios pediram-nos 60 mil euros para fazer esse trabalho. Como nós temos de fazer algumas poupanças, estamos aqui a pedir ajuda às Juntas de Freguesia”, acrescentou.

Em relação à limpeza dos terrenos, “o ano passado fizemos mais de 100 notificações de terrenos para serem limpos, e temos a consciências que ficaram ainda muitos por fazer. A grande vantagem é que o trabalho foi iniciado. O inventário do ano passado está feito e este ano os nossos serviços podem dedicar mais tempo a identificar mais terrenos que estão nessas situações. Confesso aqui que às vezes temos dificuldade, vamo-nos socorrendo das Juntas, normalmente temos um fiscal municipal para fazer este trabalho e vamos pedindo ajuda às Juntas de Freguesia”. Pedro Ribeiro lembrou que, para além das questões de higiene e saúde pública, há ainda o risco de incêndio.


 

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