TLDR? IDC!*
Gostava que este texto fosse lido por adolescentes mas tenho noção que não são o público-alvo deste Jornal. Talvez uma mãe ou uma professora lhes dê a ler, se encontrar algum mérito na minha reflexão. O título estranho também se destina a essa faixa etária. Mas vamos lá a isso! Para começar, quero situar-nos no mundo global: os adolescentes que eu gostava que lessem este texto são portugueses ou vivem em Portugal, que é um território situado num pequeno “paraíso” que se chama Europa. Pode não parecer, mas é um “paraíso”. Não estou a escrever para adolescentes do Afeganistão, da Índia, do Paquistão, da Síria, do Iraque, da Nigéria ou da Líbia. Esses podem ser simbolizados na Malala Yousafsai. Perceberam agora porque é que considero a Europa um “paraíso”? É portanto aos jovens portugueses que quero lembrar que o nosso Estado e a nossa Constituição da República garantem, a todos os que aqui nascem, habitação, saúde e educação. E é esta última que mais me importa. O Estado português, um Estado-Social, constrói edifícios e contrata especialistas para que desde os três anos e até lá para os 17/18 anos todos possamos ir à escola sem pagar nada. De início são especialistas em pedagogia, depois são especialistas nas mais variadas áreas para que adquiramos os conhecimentos básicos que nos preparam para a vida. A partir daí, do 12º ano ou dos 18 anos, somos livres de fazer da nossa vida o que bem entendermos. O Estado já não tem nada a ver com isso. Mas como é um Estado-Social, continua a garantir-nos saúde e habitação de graça, se precisarmos mesmo.
Mas voltemos à escola. Se de início todos gostamos da escola porque estão lá os nossos amigos e as actividades até são giras, não podemos continuar nesta onda todos os 12 anos da escolaridade obrigatória. A partir de certa altura, lá para os 15 anos, quando estamos a terminar o 9º ano e a passar para o Secundário, temos de nos tornar egoístas. Egoístas, sim! Temos de pensar em nós e na nossa própria vida. Porque a partir dessa altura, começamos a ser só nós a poder orientar a nossa vida. Pode parecer estranho isto, ainda não somos maiores de idade… Sim, mas as escolhas que fizermos nesta altura, serão determinantes para o resto da nossa vida. É como se chegássemos a um cruzamento de duas estradas. Uma que nos leva a uma vida independente e outra que nos vai deixar amarrados a várias situações e pessoas, para sempre.
Convém agora voltar à Educação e à Malala, a menina que levou um tiro por denunciar os talibãs que não deixam as raparigas ir à escola. Quando ela disse “Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo”, ela sabia que “Saber é Poder”.
Ou seja, o que aproveitarmos da escola será o que seremos na vida. Se continuarmos a ir sempre à escola apenas para estar com os amigos desaproveitamos ferramentas, competências e saber que nos podem transformar em pessoas poderosas. Se estudarmos, se concluirmos os estudos para lá do que é obrigatório, se nos empenharmos num curso superior, podemos ser o que quisermos na vida. Aqui em Portugal ou em qualquer lado deste mundo global. É do saber que vem a nossa independência.
*Grande demais para ler? Não quero saber!
Crónica publicada na edição impressa de março, do Jornal de Cá