Saneamento básico no concelho com atraso de décadas

Primeira parte da reportagem que revela o estado atual da rede pública de saneamento no concelho do Cartaxo e que dá a conhecer a complexidade do sistema que tarda em estar plenamente funcional.

O concelho do Cartaxo parece estar ainda longe do potencial de cobertura de saneamento público – mais de 90 por cento – que o presidente Pedro Ribeiro deseja depois de terminadas as obras nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Pontével, Valada e Lapa. Segundo o Jornal de Cá conseguiu apurar, freguesia por freguesia, parece haver ainda muito por fazer, nomeadamente no que diz respeito às ligações à rede pública de saneamento, ainda que haja trabalhos de expansão a decorrer e outros que se encontram planeados.

Em conversa com os presidentes de Junta, ficamos a saber que boa parte das freguesias, acima de tudo nas suas periferias, ainda não tem ligações à rede pública de saneamento e nas zonas onde a rede pública já foi construída nem todos os moradores fizeram a ligação às suas casas, muitos dos quais porque se veem obrigados a fazer obras para esse fim e ainda a ter de começar a pagar as devidas taxas que serão sempre superiores ao pagamento que vêm fazendo para despejar as fossas séticas de que se vêm servindo há anos.

E a questão ambiental vai ficando para trás. Serão poucos os que têm consciência de que, nos dias de hoje, ainda há muitos esgotos canalizados para os campos e linhas de água, sem qualquer tratamento. Tanto em Pontével como em Vale da Pedra há casos de despejos na via pública, mas que sem queixas formalizadas os presidentes de Junta dizem nada poderem fazer. José Belo, presidente da Junta de Freguesia de Vale da Pedra, diz já se ter apercebido mais do que uma vez de situações de mau cheiro provenientes destas situações, mas dificilmente consegue apurar de onde vem. Por sua vez, Jorge Pisca, presidente da Junta de Freguesia de Pontével, já deu seguimento a algumas denúncias formalizadas por moradores da freguesia por despejos de fossas a céu aberto, desconhecendo, contudo, nalgumas dessas situações se foi, realmente, feita a visita da delegada de saúde para averiguar esses atentados ambientais.

E foi a localidade de Pontével que nos levou a procurar saber mais sobre a cobertura de rede de saneamento no concelho do Cartaxo. Uma moradora dos Casais da Amendoeira – um dos locais mais complexos de resolver no concelho,como há de afirmar mais à frente nesta reportagem o presidente da Câmara, Pedro Ribeiro – queixou-se de não estar ligada à rede de saneamento porque a mesma não chega à sua casa, por apenas 20 metros, e ter de viver todos os incómodos decorrentes do uso da fossa, nomeadamente os 60 euros que a Cartagua leva pela limpeza da fossa, de três em três meses. Este é um caso como outros, um pouco por todo o concelho, que são mais complicados de resolver e que implicam investimentos maiores. Mas já lá vamos.

Depois de noticiado, pelo Jornal de Cá, este caso levado à reunião do executivo camarário no início do mês de agosto, foram vários os comentários de seguidores do Jornal de Cá nas redes sociais a relatar problemas oriundos das várias freguesias do concelho. Algumas destas pessoas contaram-nos o seu caso, assim como também fomos falar com os presidentes de Junta e com o presidente da Câmara. Infelizmente, não conseguimos falar com a Cartagua em tempo útil, para esta edição, mas prometemos ter aqui mais respostas no próximo jornal (outubro). Como tal, e de forma a podermos abordar freguesia por freguesia, dividimos este trabalho por ETAR, ou seja, começamos por lhe dar conta nesta presente edição das freguesias servidas pela ETAR do Cartaxo – Cartaxo e Vila Chã de Ourique – e ETAR de Pontével, ainda em fase de conclusão e que há de servir Vale da Pinta e Pontével. Na próxima edição, falaremos da situação das localidades servidas pela ETAR de Valada – Casais Lagartos, que apesar de pertencer a Pontével a solução foi canaliza-la para esta estação de tratamento, Vale da Pedra e Valada – e a ETAR da Lapa, em fase de construção, que servirá Ereira e Lapa.

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Reportagem para ler na edição impressa de setembro do Jornal de Cá, nas bancas do concelho do Cartaxo.

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