A DECO meteu o dedo na ferida e encontrou dificuldades no acesso aos cuidados de saúde por parte dos portugueses. O Jornal de Cá aproveitou a deixa e entrou na vida de famílias do Cartaxo para saber como tratam da sua saúde
Um estudo recente da DECO explana o universo da saúde em Portugal, onde o título “Saúde só para ricos” revela as dificuldades no acesso aos cuidados de saúde por grande parte da população, nomeadamente no acesso a consultas e tratamentos nas áreas da oftalmologia e estomatologia, áreas médicas com pouca resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que não apoiam a prevenção de doenças que, a desenvolverem-se, saem depois muito mais caras. Estas duas áreas da saúde, a par dos respetivos tratamentos e medicamentos, foram colocadas em segundo plano por muitas famílias em 2014, conforme indicam os dados do estudo da Associação de Defesa do Consumidor, também corroborados pelas pessoas que contactámos.
No estudo, a Associação de Defesa do Consumidor refere a recorrência a seguros de saúde que abrangem estes cuidados de saúde, de modo a poder suprir as falhas existentes nos serviços prestados pelo Estado. Refere ainda a ginástica financeira que muitos portugueses têm que fazer para tratar da sua saúde, recorrendo muitas vezes a empréstimos (uma em cada cinco famílias fê-lo em 2014) ou deixando de gastar em bens essenciais ao dia-a-dia das famílias, cortando na alimentação ou na conta da eletricidade.
Há queixas do Serviço Nacional de Saúde, no que diz respeito a tempos de espera para consultas da especialidade, assim como para operações, muitas vezes preteridas pelo serviço privado que, para além de mais dispendioso para as famílias, nem sempre satisfaz quem a ele recorre. Ainda segundo o estudo, e de acordo com a experiência de várias pessoas com quem falámos, o atendimento, diagnóstico e seguimento do problema de saúde tem muito a ver com os responsáveis médicos que dão conta das situações, seja a nível do serviço público ou do privado.
Num curto espaço de tempo, tivemos conhecimento de situações em que a sorte (ou falta dela) de encontrar nos hospitais equipas de atendimento à altura de diagnosticar as respetivas situações de emergência médica fez toda a diferença. Um dos casos, que tem marcado a atualidade das notícias nestes últimos tempos, levou à morte de David Duarte, de Vila Chã de Ourique. Há cerca de um mês, Margarida Serrão recorreu ao Hospital Distrital de Santarém, que pelo que sabemos fez o devido encaminhamento do homem atrás referido, e deparou-se com uma equipa médica que desvalorizou o estado grave em que se encontrava devido a um problema de tiróide, que lhe provou um inchaço no pescoço que, praticamente, a impedia de falar e, até, de respirar. Margarida foi enviada para casa, quando devia ter sido imediatamente internada para procedimentos médicos. Neste caso, o resultado não foi trágico, como no exemplo anterior, que acabou na morte de David, com 29 anos, porque Margarida tinha conhecimentos no Hospital de Santa Maria e para lá se dirigiu, onde ficou internada, dada a gravidade da situação.
Todos estes factos fizeram com que o Jornal de Cá fosse conhecer a situação de alguns agregados familiares do Cartaxo e saber como encaram o sistema de saúde nacional e como resolvem as suas questões de saúde em família. Conhecemos a realidade de uma família numerosa, de outra monoparental, assim como da situação de uma idosa, institucionalizada, que vive com uma deficiência motora desde pequena. O que pudemos apurar é que todas elas deixam para trás cuidados básicos de saúde, principalmente no que diz respeito à dentição e à visão, especialidades médicas com pouca oferta no SNS.
No nosso país já devia haver um sistema de saúde que permitisse a todas as pessoas tratar dos dentes e da visão, são necessidades de saúde que todos temos.
Carla Antunes
Família monoparental
Carla Goretti vive sozinha com o filho de 17 anos. Recebe uma mensalidade do pai de João, desde que se separaram, ainda este era pequeno, mas questiona a justiça no que diz respeito à atribuição da mesma, pois “se há uma separação é dos pais não é dos filhos, logo a responsabilidade deveria ser igual”. Segundo Carla, as despesas com o filho nem sempre são iguais todos os meses, e reclama que “ao invés de haver uma mensalidade certa de uma das partes, deveria haver um acerto de contas mensal, tendo em conta as despesas do mês, que são sempre diferentes”, nomeadamente quando entra uma despesa de saúde extra.
“Felizmente que somos pessoas com saúde, mas há que trabalhar também na prevenção”. Algumas das despesas extra que Carla faz referência têm precisamente a ver com questões de saúde, como é o caso do dentista. As idas anuais ao dentista, que esta mãe faz questão de proporcionar ao filho, de modo a prevenir males maiores, acabam por pesar no orçamento daquele mês, logo alguma coisa fica para trás.
Não são as roupas, nem os acessórios de moda que deixa de comprar que a incomodam, porque há outras coisas que a valorizam mais enquanto mulher. “O que eu invisto por dentro, para mim, é que me faz brilhar, não são mais umas botas ou uma mala”, diz. “O que eu tenho de deixar para trás são muitas formações que eu gostaria de fazer, porque sou uma curiosa e gosto de aprender, mas que custam muito dinheiro, dinheiro que faz falta para outras coisas”, lamenta. “Quando decidimos ser mães temos uma responsabilidade maior, os filhos passam a ser uma prioridade. Mas, para tal, precisamos de estar bem, não só financeiramente, mas também emocionalmente. Eu não posso passar ao meu filho estabilidade emocional se não a tiver, não posso pedir ao meu filho que respeite o seu corpo e a sua alimentação se eu não os respeitar.” Encontrar este equilíbrio é, para Carla, a maior dificuldade, pois “só conseguimos ser uma boa mãe se conseguirmos ser uma boa mulher”.
Mas até neste ponto é precisa uma grande ginástica emocional, pois para Carla é importante que o filho não se aperceba que, para que não lhe falte o essencial a ele, a mãe tem de abdicar de algumas coisas, inclusive no que diz respeito à saúde. Por exemplo, as idas ao dentista não são tão regulares como deveriam ser, assim como o seu problema a nível das articulações não é tratado com a devida regularidade. “Contudo ele vive comigo, apercebe-se das dificuldades e tem consciência de que a vida nem sempre é fácil”, diz, mas há coisas que “passam despercebidas de modo a que ele não venha a ter quaisquer sentimentos de culpa por saber que eu fico para trás para lhe dar a ele o que ele precisa, mas acredito que haja muitas crianças que assistem a esses dilemas das mães, constantemente, porque muitas não têm uma estrutura familiar que as apoie”, reconhece.
As despesas são mais que muitas para um único ordenado mensal. Pois se a saúde do filho é importante, também a sua formação escolar pesa no orçamento pois, só em explicações, vai o equivalente a uma renda. “O meu filho está no 11º ano e precisa de explicações para poder conseguir notas melhores, porque eu me preocupo com os estudos e o futuro dele, logo um dente que tenho por arranjar terá de ficar para depois, pois não tenho dinheiro para as duas coisas”, lamenta.
“Quando é um salário para todas as despesas da casa, da escola e da saúde faz-se muita ginástica e muita coisa fica para trás”, conta, reclamando que “no nosso país já devia haver um sistema de saúde que permitisse a todas as pessoas tratar dos dentes e da visão, são necessidades de saúde que todos temos”, mas que muitos evitam por falta de dinheiro.
Até o filho fazer sete anos, Carla recorreu sempre ao pediatra particular apesar de ter direito ao SNS, mas não se sentia tão segura lá “porque se percebe que não há a mesma disponibilidade para o atendimento, como no privado”, admitindo que é “uma questão de sorte, porque o problema não é das instituições, mas sim dos profissionais”. “O atendimento no SNS é de dez minutos e, muitas vezes, os médicos nem olham para a nossa cara, no consultório particular as coisas são feitas com outra atenção”, reconhece. “E como eu tinha essa possibilidade, fui sempre ao particular. A partir daí tenho recorrido ao centro de saúde ou ao hospital, caso seja necessário. Mas também acontece ir ao privado em consultas da especialidade, como no caso do otorrino, em que não estive à espera de consulta pelo SNS e fui a um médico privado. Posso fazê-lo, porque tenho uma estrutura familiar que me pode socorrer, sendo necessário, e porque também não tenho o encargo da renda da casa, mas claro que outras coisas têm de ficar para trás quando isto acontece”, lamenta.
“Há muito tempo que não recorro ao centro de saúde, porque o tempo que vou estar à espera de ser atendida é o tempo de atender uma ou duas clientes no salão, e no final do dia posso deslocar-me ao médico no seu consultório”, explica, questionando-se muitas vezes “como é que fica a saúde de outras pessoas que não têm a mesma disponibilidade que eu tenho, de recorrer a um médico particular e muitas vezes com dificuldade em faltar ao trabalho ou sair a meio do dia para ir ao centro de saúde”.
Carla chegou a pensar num seguro de saúde, mas encontrou algumas limitações, por exemplo a nível da abrangência de tratamentos. “Acredito que haja alguns seguros que sejam melhores e que ofereçam melhores condições, mas esses implicam valores mensais mais elevados e, como tal, prefiro não investir esse dinheiro num seguro e utilizá-lo quando é realmente necessário”, justifica.
“Enquanto optimista espero sempre melhor, por isso espero um 2016 melhor do que o 2015. Este foi um ano que, em termos de desafio, para conseguir equilibrar as despesas de saúde de ambos e da formação do João, foi grande, mas consegui”, congratula-se. Pode ser que este ano consiga ir ao oftalmologista, onde não vai “há anos”, apesar de achar que até precisa de óculos, mas esta “é daquelas coisas que vão ficando por ver”, remata.
As idas ao pediatra têm de ser escalonadas, pois por mais barato que seja ainda pesa no orçamento ir com quatro crianças ao médico.
Cristina Carvalho
Família grande
Cristina, casada com o César, há cerca de 18 anos, é mãe de quatro filhos: Alexandra com 17, Ana Catarina com 16, Filipa com 11, e Bernardo com oito anos de idade. Em casa só entra o salário do marido. “Eu estou desempregada há 11 anos e sempre que ia a uma entrevista de trabalho, torciam sempre o nariz quando dizia que tinha quatro filhos”, lamenta, reforçando que “coloquei propostas de trabalho em vários sítios e enviei vários currículos, fiz várias formações, de modo a estar sempre actualizada, nomeadamente em informática”, mas nunca conseguiu voltar a empregar-se.
Sendo a saúde uma prioridade, “tenho de dar graças, porque os meus filhos são todos saudáveis”, muito embora a filha mais velha sofra de asma, “é uma coisa que está controlada, ela sabe que deve evitar situações de risco que possam desencadear uma crise”, conta. Segundo Cristina, Alexandra usa uma bomba SOS e um spray nazal, não comparticipado, recorrendo, esporadicamente, a outras bombas tratamento, “que são mais caras, e tem de fazer duas seguidas, fora isso, vão ao médico quando têm qualquer problema, para além das consultas de rotina”.
Sempre que precisa de consultas da especialidade recorre aos serviços do SAMS. O pai de Cristina, já reformado, foi bancário, tendo ela e os filhos a possibilidade de serem beneficiários destes serviços médicos. Beneficia ainda de um seguro de saúde Interpass que o pai fez e que abrange toda a família.
Relativamente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) afirma: “insatisfeita não estou, mas também não estou muito satisfeita”. Isto porque anda há cerca de dois anos à espera de uma consulta de ortopedia para Alexandra, que se aleijou num joelho numa prova de corta mato, na escola, assunto ao qual o seguro escolar não tem dado muito andamento. “Ela já andou a fazer fisioterapia, onde o fisioterapeuta já lhe disse que, provavelmente, terá de ser operada e aconselhou que fosse vista, mas estamos até hoje à espera de uma consulta de ortopedia”, explica, reforçando que “não temos padrinhos para ajudar a acelerar o processo, pior ainda”.
“Relativamente ao dentista, os miúdos têm andado vigiados devido ao cheque dentista, todos eles tem tido direito ao higienista oral”, o que evita mais consultas a pagar, ainda que nos SAMS “as tabelas de preços sejam bem mais acessíveis”. Ainda assim, “as idas ao pediatra têm de ser escalonadas, pois por mais barato que seja ainda pesa no orçamento ir com quatro crianças ao médico”, desabafa.
“Para trás fica a mãe e fica o pai”, porque primeiro estão os filhos, logo as idas ao médico só quando é mesmo necessário. “Há cerca de um ano tive de recorrer ao centro de saúde porque deixei de andar, devido a umas artroses na zona lombar, mas até foi um osteopata amigo que me ajudou a recuperar”, conta, adiantando que não tem tanta necessidade de recorrer a consultas de rotina por ser dadora de sangue e, por isso, “sou vigida regularmente, sempre que dou sangue”.
Não recebem qualquer apoio por terem uma família alargada e por Cristina estar desempregada. Apesar de ter recorrido à Segurança Social, não teve direito a nada, beneficiando apenas de um plano da Cartagua dirigido a famílias numerosas. César é mecânico, trabalha numa empresa de obras públicas, mas com a aplicação recente de taxas e sobretaxas, ressentiram-se com menos 400 euros no rendimento mensal. “Para se cumprirem as contas todas do mês é preciso fazer muita ginástica”, conta. Escola, roupa, calçado, alimentação, e depois “os imprevistos que às vezes ocorrem, logo naquelas alturas do mês que já estamos a esticar, a esticar…”.
As duas filhas mais velhas estudam em Tremês, em cursos técnico-profissionais, e têm direito a alimentação e transporte. “Alexandra está no 12º a tirar um curso de técnicas de apoio à infância, que é muito dispendioso, mas foi o que ela escolheu e nós fazemos um esforço por isso”, explica, contando que Ana Catarina está no 11º em técnicas laboratoriais e quer seguir a área forense para ir para a Polícia Judiciária e Alexandra quer seguir turismo. Ambas planeiam seguir os estudos e “tenho o desejo de lhes possibilitar a ida para o ensino superior”, afirma esta mãe que sempre acompanhou os estudos dos filhos em casa, referindo ainda que “desde que fiquei em casa e que fico com eles notei que melhoraram as notas e ficaram muito mais calmos e concentrados nas aulas”.
Apesar de não ter uma vida fácil, Cristina diz que se voltasse atrás teria tido o mesmo número de filhos e até mais, se pudesse. Apesar das dificuldades, conseguem gerir bem o dia-a-dia familiar, com organização e método. Os filhos estão mentalizados para o facto de não terem tudo o que querem e os pais têm esperança no futuro, com “um sorriso nos lábios”. Não saem sozinhos, os dois, para jantar há 18 anos, mas têm uma casa cheia e animada, principalmente ao sábado à tarde e ao domingo, quando estão todos juntos. Felizmente, férias nunca deixaram de ter porque têm amigos com casa na praia e que a emprestam por uns dias, no verão, “até porque Alexandra, devido aos problemas de asma, precisa mesmo de ir à praia, para manter a saúde em dia”, diz a mãe, que espera um 2016 melhor ou pelo menos igual ao 2015.
Saúde é uma palavra cara para Maria Helena Bruno, com 77 anos de idade. Atualmente, a viver num lar, só soube o que era andar pelas próprias pernas durante breves anos, na infância. Uma paralisia infantil terá sido o motivo que não lhe dava forças para se erguer nas pernas ainda bebé, na altura em que era suposto conseguir fazê-lo.
Manteve-se sentada até aos quatro anos de idade e, ainda não tinha cinco anos quando o dr. Fragoso – chamado a ver a sua mãe, muito doente e que morria por esta altura – a viu e a enviou para o Hospital da Estefânia, onde foi operada e ficou a andar. Mas foi por poucos anos. Aos nove anos as pernas começaram a dobrar, e Maria Helena aos poucos e poucos viu-se obrigada a arrastar-se para se poder locomover. Ainda se lembra de ir para a escola, de rastos, apoiando-se na pasta que transportava com os livros e os cadernos. Morava na Rua Professor Manuel Bernardo das Neves e estudava na Escola do Centro, a única escola de então.
Todos os tratamentos que fez, até então e depois de perder o andar, foram através do SNS, passando por mais do que um médico, cada um com a sua sentença, mas não duvida que se na altura tivesse meios para recorrer a um especialista nesta área o seu destino teria sido outro. Camacho Vieira, à época, médico ortopedista da Seleção Nacional e dos Belenenses, foi o próprio a dizer-lhe que o desfecho do seu caso, em muito, se deveu a “falta de assistência”. Isto, já Maria Helena estava resignada a não conseguir andar por si só, depois de se ter submetido à última operação, no Hospital de São José, onde ficou durante nove meses engessada, desde as axilas até às pernas e com uma tala entre os pés, deitada numa cama, na esperança de vir a andar, mas agora, com auxílio de uns aparelhos nas pernas e de umas canadianas. Nesta altura tinha cerca de 20 anos de idade.
Apesar deficiência nas pernas, Maria Helena tem umas mãos de fada. Desde os 13 anos que faz trabalhos de rendas e bordados, mas pouco tem ganho com isso, pela dificuldade que tem em atribuir um valor monetário aos seus trabalhos, que são autênticas obras de arte. A trabalhar desde os 13 anos, em casa, já trabalhou em encomendas para Lisboa e até Londres. Hoje em dia, continua a trabalhar, todos os dias, mas para pessoas conhecidas. Sobrevive com uma pensão que recebe desde nova, pela deficiência que sempre a impediu de trabalhar fora. Em casa sempre conseguiu tratar de si, e até de uma irmã com 13 anos a menos, que criou até aos 16 anos de idade, até uma dada altura em que passou a contar com a ajuda de uma senhora que lhe tratava das limpezas.
Uma queda levou-a a entrar no Lar da Misericórdia do Cartaxo, aos 70 anos, depois de partir um pulso e já não conseguir calçar, sozinha, os aparelhos. Ali consegue manter uma vida digna, com o devido apoio. Ainda assim, com a idade as mazelas vão surgindo, algumas delas decorrentes da sua deficiência motora, e Maria Helena não tem recursos para ir a médicos privados da especialidade que lhe solucionem o problema. Depois de algumas passagens pelo Hospital, devido a sintomas de mau estar, os diagnósticos e exames tardam, já depois de uma das vezes ter ficado quase à beira da morte com uma peritonite, decorrente de uma inflamação e perfuração do apêndice. Teve a sorte de, depois de muitas queixas e de passar pelas mãos de outros médicos, encontrar um que detetou o problema e a mandou para o bloco operatório. Mas desde aí nunca mais ficou bem. Contudo, dada a sua condição financeira, tem de se sujeitar à assistência médica do SNS e manter uma alimentação regrada e muito restrita.
Como manda a idade, toma medicação para a circulação sanguínea e para o colesterol, medicação comparticipada pelo Estado, o que já não acontece com as pomadas e cremes hidratantes de que Maria Helena necessita. Já para não falar do dinheiro gasto em deslocações para Montemor-o-Novo, onde há vários anos conserta os aparelhos e fica internada para tratamentos de fisioterapia, no Hospital S. João de Deus, anualmente. Como o dinheiro não estica, fica para trás o oftalmologista, onde não vai “há cerca de 15 anos”, e o dentista. E, pelo que percebemos, não será ainda em 2016 que Maria Helena vá tratar de novas lentes para os óculos pois, segundo nos confessa, não espera que este novo ano seja melhor que o anterior.