Slava Ukrayini! Glória à Ucrânia!

Opinião de Pedro Mesquita Lopes

Como li no outro dia, há momentos em que temos de estar inequívoca e incondicionalmente com o cordeiro e que qualquer outra posição é estar com o lobo. Momentos a preto e branco. Momentos de luz ou de trevas.  Este é um desses momentos. Depois, depois de o lobo ter sido derrotado, das trevas terem sido afastadas, podemos e devemos voltar a discutir o “barulho” das luzes ou a cor da lã dos cordeiros. Agora não é esse tempo, é aquele, o do cordeiro. Sem tibiezas. Sem mas. Sem condições. Queremos a luz, não queremos as trevas ponto.

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Entretanto, no Cartaxo, as nossas questões e discussões são, felizmente, de outro género e noutro tom. O poder instalado durante quarenta anos passou à oposição e está a adaptar-se a esse estado de coisas e a parte da oposição que ganhou e agora é poder também se está a adaptar ao exercício executivo da governação de uma Câmara Municipal e de duas Uniões de Freguesias. E ainda há a restante oposição que, de forma mais hábil ou voluntariosa, vai respeitando os mandatos que a população lhes conferiu, para, sem grilhetas ideológicas, votarem no que entendem ser correcto, venha de onde vier.

Esse é o caminho e é a democracia a funcionar, no tal Estado de Direito que o senhor Putin abomina. Num tempo estão uns no poder, noutro tempo outros e assim se constrói uma sociedade plural, que integra ao invés de excluir, que é devida e seriamente fiscalizada; em que as pessoas ou grupos não se eternizam, evitando dessa forma a falta de transparência e diluição de responsabilidades que a ausência de alternância permite.

O Cartaxo demonstrou-o, não me canso de repetir, que em democracia, em liberdade, não há homens ou mulheres providenciais, não há quem seja dono da razão e não há, nem pode haver, quem ache que merece o poder por direito divino ou apenas por força do símbolo atrás do qual se apresenta; da mesma maneira que, não é por se ser do contra que se tem razão, há mais e é sempre preciso mais do que isso.

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Voltando ao que é mesmo importante neste momento. No fim, e que seja em breve, vamos estar num mundo diferente, que só será melhor se os Estados de Direito Democráticos se capacitarem que nem todos os negócios valem a pena e que nem todo o dinheiro tem o mesmo valor e se, depois disto, continuarem activa e continuamente a defender-se de todas autocracias absolutistas quer sejam de cariz quase unipessoal, como a Rússia de Putin, quer sejam de cariz unipartidário, como a China, bem como de todos os que vociferando contra o “Sistema”, apenas o querem tomar para proveito próprio.

Slava Ukrayini!

*Artigo publicado na edição de março do Jornal de Cá.

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