Terapia da fala; as três perguntas mais frequentes

por Teresa Rolho, terapeuta da fala

Quando é que uma criança necessita de Terapia da Fala? O que faz o Terapeuta da Fala? Quais são os principais sinais de alerta? Conheça aqui as respostas 

Quando é que uma criança necessita de Terapia da Fala?
Tal como nas outras áreas de desenvolvimento (cognitivo, motor), também no desenvolvimento da linguagem a criança passa por etapas diferentes, correspondentes à idade cronológica e nas quais irá adquirindo novos conhecimentos linguísticos.

Há crianças que demonstram dificuldades na comunicação, não conseguindo expressar por palavras o que pretendem. Estes problemas ocorrem quando a fala não surge na idade apropriada ou porque se mantém numa etapa de desenvolvimento, por mais tempo do que seria esperado para a sua faixa etária, não conseguindo avançar.

As perturbações ou atrasos na Linguagem e/ou Fala, revelam-se quando esta surge tardiamente, podendo constituir um sinal de alerta para os pais. Por vezes, as alterações só são notadas quando a criança entra para a escola e começa a ter dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, entre outras, relacionadas com a linguagem e fala, mas que interferem no sucesso escolar da criança. Neste caso, torna-se de extrema importância realizar um despiste, ainda antes da entrada para a escola.

O que faz o terapeuta da fala?
O terapeuta da fala, realiza uma avaliação para determinar as características da comunicação da criança, verificando assim se são ou não adequadas à sua idade.

O diagnóstico é feito após esta avaliação, assim como a partir das informações obtidas junto dos pais, numa entrevista. Posteriormente, é elaborado um plano terapêutico de acordo com o quadro clínico de cada criança. Este plano é posto em prática, a partir de técnicas e estratégias que devem ser adequadas a cada acaso, pois a mesma estratégia pode resultar melhor com uma criança que com outra e deste modo a intervenção é individual.

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A terapia da fala tem duas vertentes: uma vertente direta (com a criança) e uma vertente indireta, com a orientação e aconselhamento aos pais. Tem como objectivo proporcionar à criança a completa integração dos mecanismos da linguagem.

A intervenção do terapeuta da fala auxilia e complementa a intervenção médica. Neste sentido colabora com Médicos Pediatras, Otorrinolaringologistas, Neurologistas, Psiquiatras, entre outros) e também com outros profissionais de Saúde e de Educação (Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Psicólogos, Educadores de Infância e Professores).

Quais são os principais sinais de alerta?
Muitas crianças têm acompanhamento em terapia da fala (mesmo quando não lhes é diagnosticado alguma síndrome ou deficiência, e na maioria das vezes quando não estão associadas a outras problemáticas) desde que sejam detectadas, atempadamente, é possível que a criança recupere o seu desenvolvimento até a um nível de acordo com o da sua faixa etária.

Até aos 4 anos:
Aos 6 meses, não vira a cabeça para som vindo de trás ou do lado.
Aos 10 meses, não responde ao seu nome.
Aos 15 meses, não entende o significado das palavras: “não”, “adeus”, “papa”.
Aos 18 meses, não diz pelo menos 10 palavras.
Aos 21 meses, não obedece a ordens simples como: “ anda cá”, “senta-te”, “fica em pé”.
Aos 24 meses, palra demasiado, tem ecolália (repete sempre o que lhe é dito); e não aponta para partes do corpo: pé, boca, nariz, olhos, etc.; não junta palavras.
Aos 30 meses, a fala não é inteligível para a família.
Aos 36 meses, não faz frases simples, não faz perguntas simples, a fala não é inteligível para estranhos.
Aos três anos e meio, não emite a última sílaba das palavras, como “ga” em vez de “gato”.
Tem dificuldades em controlar a baba e em deglutir (engolir) alimentos.
Tem dificuldades na audição

Após os 4 anos:
A fala é pouco percetível: omite ou troca sons em palavras, omite partes de palavras
Não diz todas as palavras numa frase, utiliza frases demasiado simples para a idade
O vocabulário utilizado é reduzido
Apresenta dificuldades na compreensão do que lhe é dito ou pedido

Na escola:
Ainda não diz alguns sons (ex: “pato” em vez de prato, “baço” em vez de braço), omite troca ou distorce os sons da fala.
Tem dificuldades escolares, nomeadamente na leitura e escrita, ou na compreensão e interpretação de textos e outros exercícios.
Gagueja ou tem problemas na voz.

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