O termómetro de esquerda é um espaço de opinião de Vasco Miguel Casimiro. Um espaço que será local, regional, por vezes nacional e até internacional. Um espaço de reflexão, de partilha, que não pretende ser imparcial nem unânime.
↑ A força de uma comunidade solidária no meio de uma pandemia: O concelho do Cartaxo, a nossa terra!
Nos tempos demasiadamente acelerados em que todos vivemos, o surgimento da COVID-19 veio suspender, parar, adiar e alterar a nossa vida quotidiana em todas as suas dimensões, desde a vertente pessoal e familiar com o dever geral de recolhimento domiciliário e de maior proteção sanitária, passando pela adaptação às novas formas de trabalho, de educação e formação à distância, até ao reforço da fruição cultural online, da prática desportiva mais ou menos solitária e da utilização de novos meios e ferramentas para fomentar a participação cívica e política, de debate e reunião à distância de um clique, dando apenas alguns exemplos da quebra de velhas rotinas e da imposição de novos hábitos de vida.
Com o mundo a registar, à data em que escrevo, mais de 250 mil óbitos e cerca de 3,5 milhões de casos positivos por COVID-19, e com Portugal, de acordo com números recentes, a registar mais de 25 mil pessoas infetadas e perto de mil e cem óbitos, neste tempo de exceção são exigidas respostas diferentes e excecionais.
Por terras cartaxeiras, sabemos bem que a adversidade aguça o engenho e o bairrismo costuma dar lugar ao fortalecimento de laços de entreajuda e de solidariedade nestes tempos. Partilhando da opinião de Eduardo Galeano, eu acredito muito mais na solidariedade do que na caridade. A caridade é excessivamente vertical, vindo de cima para baixo, ao passo que a solidariedade é horizontal e fraterna, respeitando a outra pessoa e aprendendo com o outro.
Na nossa terra, por todo o nosso concelho, temos tido excelentes exemplos de resiliência, de generosidade e de atos de verdadeiro altruísmo, entre os quais gostaria de salientar alguns casos concretos, pecando sempre pela injustiça de não fazer uma enumeração exaustiva e completa mas deixando, desde já, uma palavra de apreço para com todas e todos aqueles que estão a fazer algo em prol de outrem ou da sua comunidade:
Primeiramente, os autarcas de município e de freguesia do nosso concelho têm tido um papel essencial pela atempada informação relevante e pela mensagem de confiança que transmitem a toda a população, pelas soluções que, com escassos recursos financeiros, logísticos e humanos, têm gizado e encontrado para superar as dificuldades que a pandemia vai colocando no nosso caminho, com a grande ajuda dos trabalhadores públicos das respetivas autarquias. Tal como escrevi há uns meses neste espaço, os autarcas, e sobretudo os autarcas de freguesia, são a face mais visível do Estado em todo o território, junto dos seus fregueses, dos seus vizinhos, sempre disponíveis a qualquer hora do dia para algo que aconteça, sempre prontos para serem a voz reivindicativa junto de quem possa ajudar a sua terra;
Em segundo lugar, todos os profissionais de saúde, do setor social e solidário, da educação, bem como os agentes de proteção civil, forças de segurança e socorro e forças armadas, assim como todos aqueles que prestam serviços essenciais às populações, pela sua coragem em continuar a trabalhar e a enfrentar este inimigo invisível na primeira linha de combate;
Em terceiro lugar, os comerciantes, os empresários, os agricultores e todos aqueles que, isoladamente ou em coletivo, mais ou menos jovens, se têm reinventado diariamente, continuando a trabalhar e a produzir, voluntariando-se para ajudar a nossa terra, para ajudar aqueles que atravessam maiores dificuldades, através de tantos e tão bons projetos como o Movimento Makers Cartaxo, os Vizinhos Lá Da Rua, a Caixa Solidária um pouco por todo o concelho e tantos outros que espontaneamente se têm vindo a organizar para ajudar e para dar, sem querer nada em troca.
A todas e todos, o meu sincero Obrigado!
*Artigo publicado na edição de maio do Jornal de Cá.