O Tiro com arco já fez história no Cartaxo, quando Carlos Reis participou nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Agora, um dos seus discípulos, com vários títulos nacionais e europeus, traz de volta a modalidade ao Ateneu Artístico Cartaxense (AAC).
Paulo Santos começou a treinar tiro com arco em 1987, no AAC, com Carlos Reis, atleta olímpico em 1988, “que foi o meu grande mestre”, recorda o cartaxeiro, contando que, quando foi estudar para Lisboa, começou a treinar no Benfica e acabou por integrar a seleção nacional. Para além de sete títulos de campeão nacional, tem mais oito títulos de campeão na Estónia, dois títulos de vice-campeão da Europa, entre outros, e recordes nacionais em Portugal e na Estónia. “Estive no programa olímpico para os jogos de Atlanta, por Portugal, mas não conseguimos a qualificação, e também no programa olímpico de Londres, 2012, pela Estónia, mas não consegui porque na Estónia não é permitido ter dupla nacionalidade e teria de renunciar a nacionalidade portuguesa”, conta o atleta cartaxeiro, há uns anos a viver na Estónia, onde tem uma academia de tiro com arco com atletas de todo o mundo.
A minha ideia é, com toda a minha experiência, sendo o único atleta português que representou dois países em alta competição, trazer uma mentalidade e uma metodologia diferente de treino para ver se conseguimos apostar e relançar os jovens, para termos, a curto médio prazo, atletas nas seleções e, possivelmente, a qualificarem-se para os jogos olímpicos.
Paulo Santos
“Há dois anos surgiu a ideia de voltar ao Ateneu e reativar a modalidade”, que, segundo o atleta e professor, não existe em mais nenhum clube das redondezas. Paulo Santos crê que o mais próximo seja em Alverca. “Em Portugal há alguns clubes e alguns bons atletas, mas não há um modelo que caracterize o arqueiro português. Desde 2008 que não há atletas olímpicos nacionais. A modalidade estancou!”, explica.
“E a minha ideia é, com toda a minha experiência, sendo o único atleta português que representou dois países em alta competição, trazer uma mentalidade e uma metodologia diferente de treino para ver se conseguimos apostar e relançar os jovens, para termos, a curto médio prazo, atletas nas seleções e, possivelmente, a qualificarem-se para os jogos olímpicos. Esse é o meu grande objetivo!”, revela Paulo Santos.
O objetivo deste projeto é a “captação de jovens talentos para a prática do tiro com arco, na comunidade local, respetivamente em escolas do concelho do Cartaxo, bem como nos centros de apoio a jovens com necessidades especiais”. Segundo Paulo Santos, o tiro com arco é uma modalidade desportiva que promove a concentração e a autoestima, por ser um desporto “muito técnico e individual, ainda que também se pratique por equipas, ou seja, para jovens que não gostem de praticar desportos coletivos é uma boa alternativa”, realçando ainda a importância da componente psicológica, “porque, de facto, há ferramentas mentais com um impacto estrondoso nos resultados obtidos”.
Paulo Santos conta com João Camoez para treinar os atletas no AAC, duas vezes por semana (quartas e sábados), porque vive na Estónia, mas todos os meses vem ao Cartaxo, por uns dias, fazer um acompanhamento individual dos atletas, que têm um ficha técnica e um plano de treino individual, e do seu desempenho. Ambos são antigos atletas formados no Ateneu, sob o modelo de Academia de Tiro com Arco, e são ambos especialistas nas áreas de design tecnológico, robótica e engenharia, proporcionando o desenvolvimento e adaptação de equipamento específico para o tiro com arco usando soluções inovadoras e tecnológicas.
Com cerca de um mês de treinos no AAC, a modalidade conta já com dez alunos, dos seis anos aos 55, do sexo masculino e feminino. Treinam na sala multiusos, no rés do chão do edifício do AAC, mas partir de abril, na época de outdoor, esperam poder treinar no Estádio Municipal. “A ideia é estes alunos serem federados, até por uma questão de seguro e de transporte do arco”, mas também para que um atleta que se destaque, em pouco tempo, na modalidade possa, mais facilmente, entrar em competição, explica o professor, adiantando que, “para iniciação, não se pode considerar um desporto caro, até porque o Ateneu dispõe de equipamento para treino”.
Com esta iniciativa, Paulo Santos espera modelar um estilo próprio do arqueiro português.