Tiro com arco regressa ao Ateneu

Recordista nacional reativa a modalidade desportiva no Cartaxo

TLMP05: PAULO SANTOS, VIBU : TALLINN, EESTI, 13MAY11 Pildil on vibusportlane Paulo Santos. lt/Foto:LIIS TREIMANN

O Tiro com arco já fez história no Cartaxo, quando Carlos Reis participou nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Agora, um dos seus discípulos, com vários títulos nacionais e europeus, traz de volta a modalidade ao Ateneu Artístico Cartaxense (AAC).

Paulo Santos começou a treinar tiro com arco em 1987, no AAC, com Carlos Reis, atleta olímpico em 1988, “que foi o meu grande mestre”, recorda o cartaxeiro, contando que, quando foi estudar para Lisboa, começou a treinar no Benfica e acabou por integrar a seleção nacional. Para além de sete títulos de campeão nacional, tem mais oito títulos de campeão na Estónia, dois títulos de vice-campeão da Europa, entre outros, e recordes nacionais em Portugal e na Estónia. “Estive no programa olímpico para os jogos de Atlanta, por Portugal, mas não conseguimos a qualificação, e também no programa olímpico de Londres, 2012, pela Estónia, mas não consegui porque na Estónia não é permitido ter dupla nacionalidade e teria de renunciar a nacionalidade portuguesa”, conta o atleta cartaxeiro, há uns anos a viver na Estónia, onde tem uma academia de tiro com arco com atletas de todo o mundo.

A minha ideia é, com toda a minha experiência, sendo o único atleta português que representou dois países em alta competição, trazer uma mentalidade e uma metodologia diferente de treino para ver se conseguimos apostar e relançar os jovens, para termos, a curto médio prazo, atletas nas seleções e, possivelmente, a qualificarem-se para os jogos olímpicos.

Paulo Santos

“Há dois anos surgiu a ideia de voltar ao Ateneu e reativar a modalidade”, que, segundo o atleta e professor, não existe em mais nenhum clube das redondezas. Paulo Santos crê que o mais próximo seja em Alverca. “Em Portugal há alguns clubes e alguns bons atletas, mas não há um modelo que caracterize o arqueiro português. Desde 2008 que não há atletas olímpicos nacionais. A modalidade estancou!”, explica.

“E a minha ideia é, com toda a minha experiência, sendo o único atleta português que representou dois países em alta competição, trazer uma mentalidade e uma metodologia diferente de treino para ver se conseguimos apostar e relançar os jovens, para termos, a curto médio prazo, atletas nas seleções e, possivelmente, a qualificarem-se para os jogos olímpicos. Esse é o meu grande objetivo!”, revela Paulo Santos.

O objetivo deste projeto é a “captação de jovens talentos para a prática do tiro com arco, na comunidade local, respetivamente em escolas do concelho do Cartaxo, bem como nos centros de apoio a jovens com necessidades especiais”. Segundo Paulo Santos, o tiro com arco é uma modalidade desportiva que promove a concentração e a autoestima, por ser um desporto “muito técnico e individual, ainda que também se pratique por equipas, ou seja, para jovens que não gostem de praticar desportos coletivos é uma boa alternativa”, realçando ainda a importância da componente psicológica, “porque, de facto, há ferramentas mentais com um impacto estrondoso nos resultados obtidos”.

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Paulo Santos conta com João Camoez para treinar os atletas no AAC, duas vezes por semana (quartas e sábados), porque vive na Estónia, mas todos os meses vem ao Cartaxo, por uns dias, fazer um acompanhamento individual dos atletas, que têm um ficha técnica e um plano de treino individual, e do seu desempenho. Ambos são antigos atletas formados no Ateneu, sob o modelo de Academia de Tiro com Arco, e são ambos especialistas nas áreas de design tecnológico, robótica e engenharia, proporcionando o desenvolvimento e adaptação de equipamento específico para o tiro com arco usando soluções inovadoras e tecnológicas.

Com cerca de um mês de treinos no AAC, a modalidade conta já com dez alunos, dos seis anos aos 55, do sexo masculino e feminino. Treinam na sala multiusos, no rés do chão do edifício do AAC, mas partir de abril, na época de outdoor, esperam poder treinar no Estádio Municipal. “A ideia é estes alunos serem federados, até por uma questão de seguro e de transporte do arco”, mas também para que um atleta que se destaque, em pouco tempo, na modalidade possa, mais facilmente, entrar em competição, explica o professor, adiantando que, “para iniciação, não se pode considerar um desporto caro, até porque o Ateneu dispõe de equipamento para treino”.

Com esta iniciativa, Paulo Santos espera modelar um estilo próprio do arqueiro português.

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