Por Sónia Parente
Ao longo da vida e até ao longo do dia temos de tomar decisões. Talvez as pequenas decisões não nos assustem tanto, mas tomar decisões mais importantes pode ser difícil, na medida em que escolher uma alternativa obriga a abrir mão de outras. Todas as escolhas implicam perdas.
Quando uma pessoa tem dificuldade em tomar decisões, evitando a sensação de perda, existem duas tendências: decidir de forma impulsiva para acabar o “tormento” ou adiar indefinidamente a decisão. Mas não decidir também é uma escolha que traz consequências e ainda é agravada pela angústia que gera saber que se deve tomar uma decisão, mas não se faz nada.
Associada à dificuldade em tomar decisões pode estar uma falta de auto-confiança e com ela o medo de falhar, como se o erro comprovasse a fragilidade da pessoa. Para os perfeccionistas, a possibilidade de errar na escolha, porque não conseguimos controlar tudo, por mais que se tente, leva a pessoa a acomodar-se na não decisão.
Na tentativa de tomar as melhores decisões temos tendência a ser muito racionais, o que é correto, pois leva a que as decisões sejam mais amadurecidas, mas também devemos deixar que, em alguns casos, a intuição fale já que ela é baseada nas nossas experiências anteriores e nos nossos desejos.
Devem-se identificar prioridades e valores importantes para o próprio e pesar os prós e contras de cada uma das escolhas possíveis, porque todas têm pontos positivos e pontos negativos. Não devemos adiar constantemente decisões importantes, que sabemos que têm de ser tomadas, pois isso traz mal-estar e a tomada da decisão pode ser positiva, pois mantém-nos focados em objetivos.
Não existem seres humanos que sempre acertam ou que sempre ganham, nem que consigam prever o futuro. A vida é feita de opções e de decisões, muitas vezes positivas, e outras nem por isso… Mas as “escorregadelas” também fazem parte do crescer como pessoas.
Sónia Parente é psicóloga clínica