Atualmente, é inegável a atenção dada à nova fascinante ferramenta do ChatGPT, um sistema operado por inteligência artificial, que tem feito as delícias dos indolentes e preocupado professores. Embora nem todos tenham recebido esta intrigante inovação tecnológica como o filósofo norte-americano Noam Chomsky, que a rotulou enquanto “apenas uma maneira de evitar a aprendizagem”, é fácil compreender porque é que os educadores se sentem ameaçados. O ChatGPT é uma ferramenta estranhamente capaz que aterrou no seu meio sem qualquer aviso e tem um desempenho razoavelmente bom numa grande variedade de tarefas e disciplinas académicas. Existem também questões legítimas sobre a ética da escrita gerada pela inteligência artificial, bem como preocupações sobre se as respostas dadas pelo ChatGPT são exatas (muitas vezes, não são).
Tendo em conta todas estas mudanças repentinas, várias instituições de ensino têm procurado banir completamente o ChatGPT. Contudo, esta não parece, de todo, a melhor opção. O avanço da tecnologia associada aos sistemas de inteligência artificial é inegável e irreversível. É necessário informar e ensinar sobre estes novos instrumentos tecnológicos.
Não será, com certeza, desejável que os professores sejam substituídos por uma presença virtual. Devem, sim, continuar a transmitir criatividade, inspiração e uma capacidade de interdisciplinaridade cava vez mais urgente no nosso mundo. Neste campo, a inteligência artificial pode ajudar-nos a gerir quantidades de informação cada vez colossais que humanamente não é possível digerir.
Não queremos uma inteligência artificial que nos substitua ou fac-simile, mas sim uma inteligência artificial que nos ajude a ser melhores. Certamente, será inusitado que os nossos médicos passem a ser um computador com inteligência artificial, indesejável até. Talvez o raciocínio subjacente ao desenvolvimento da inteligência artificial na área da Medicina devesse ser, pois, usá-la como complemento às qualidades de um médico, à sua experiência e ao conhecimento que tem da história clínica dos seus pacientes, das suas personalidades e cismas. Os grandes avanços na Ciência não se devem à capacidade de computação, mas sim ao engenho humano, à habilidade dos seres humanos em fazerem conexões nunca feitas anteriormente.
Contudo, como os últimos tempos têm tão bem demonstrado, parece que o senso comum não é assim tão comum quanto isso e vivemos numa civilização digital que reduz o conhecimento à frivolidade de 280 caracteres e facilita a displicência.