Olho pela janela do quarto, e entre os frios que me apoquentam, pressinto que, mais um ano, o Natal chegou.
Mais uma vez, também, deixo os sonhos se apropriarem da mística do Presépio e vaguearem solitários através da fantasia de bolas coloridas que enfeitam árvores vestidas de promessas…
É chegado o tempo de Natal!
Tempo de muitas palavras. Paz, Amor, Fraternidade e tudo o mais do “faz de conta”, que o mundo é solidário, que vive em paz e que os homens são iguais numa sociedade fraterna e imaginária…
Para uns, é um de tempo de cânticos celestiais a um Menino, Homem, Deus, Senhor louvado em hossanas, mas racionalmente globalizado e contabilizado nas contas das multinacionais. Para outros, certamente, apenas mais um tempo de encontro e desencontro já esbatido na memória dos tempos. Mas, para muitos com certeza o tempo de Natal guarda em si, a contradição consentida da mensagem antiga de um tempo há muito prometido, mas sucessivamente adiado.
Mesmo assim, todos os anos, o Presépio volta a ser carinhosamente montado, e as estrelas enfeitam de novo as árvores vestidas de promessas sonhadas em muitas e longas noites, esperando que hoje e eternamente, a mística natalícia volte a embalar os nossos sentidos!
Olho, de novo, pela janela e penso, através do cintilar de uma estrela que, misteriosamente, brilha com mais intensidade nesta noite, que com uma esperança renascida, é necessário continuarmos a acreditar, que é possível o cumprimento da promessa de um Natal solidário que nos envolverá num “Tempo de Natal” verdadeiro!
Entreabro de novo a janela, mas apenas e só, sinto o frio e o vento assobiando na escuridão de uma noite, afinal igual a tantas outras, que todos os anos nos promete um Natal diferente, com mais paz, amor, solidariedade e fraternidade!
Crónica publicada na edição de dezembro do Jornal de Cá.