Opinião de João Pedro Oliveira
A vida tem a cor que pintamos. As nossas ruas também. Em Portugal são já vários os municípios que adotaram programas de incentivo e promoção à arte urbana como forma de difundir o trabalho de artistas, revigorar a imagem de edifícios devolutos ou, por outro lado, dar um novo brilho a mobiliário e equipamentos públicos.
De grandes a pequenos concelhos (Lisboa, Porto, Sintra, Aveiro, Faro, Águeda, Estarreja, Figueiró dos Vinhos, etc.), são já largas dezenas aqueles que, dando espaço a manifestações artísticas, valorizaram o seu espaço público e, em simultâneo, o seu potencial turístico.
Quem no passado recente visitou os lugares que identifico, projeta com certeza na sua memória um conjunto de lembranças destes apontamentos. Das ruas ornamentadas, do mobiliário urbano caracterizado, de fachadas ou murais que exprimem uma mensagem que faz jus à história, à cultura popular, à fauna local ou, por sua vez, nos faz desligar do piloto automático das nossas rotinas, obrigando-nos a refletir nos desafios coletivos que atravessamos enquanto sociedade.
E no Cartaxo? Recuando a 2017, em sede de Assembleia Municipal, o PSD apresentou uma moção que sensibilizava os autarcas para as vantagens da implementação desta valência no nosso concelho no sentido de mitigar a degradação do espaço comum, em particular da cidade, justificada até à exaustão pelas debilidades financeiras do município. Apesar desta proposta ter sido aprovada por expressiva maioria até hoje nada foi feito.
À escala do Cartaxo faria todo o sentido mobilizar moradores e comerciantes das principais artérias das nossas freguesias para, com o apoio dos autarcas e comunidade escolar, engalanar também as suas ruas, numa saudável competição bairrista, projetando-se por exemplo eventos periódicos com artes performativas que nos lembrassem episódios da nossa cultura que tanto nos orgulha.
A criatividade aguçada pelo que de melhor se faz pelo país faz-me recordar também uma proposta avançada pelo PSD em 2016 (e também aprovada em sede de Assembleia Municipal) para a criação de parques caninos no nosso concelho, equipamentos de baixo custo, que, além de facilitar o convívio de canídeos e donos, poderiam dar nova vida a espaços comunitários que hoje em dia estão ao abandono.
Tenhamos a ambição de ter sonhos capazes de acompanhar o que de melhor o nosso concelho tem para oferecer, deixando para trás a inércia que fomenta o entorpecimento coletivo.
*Artigo publicado na edição de setembro do Jornal de Cá