Vítor Rodrigues e António Loureiro recebem louvor, esta quinta-feira, 9 de julho, do Ministério da Administração Interna, pelo modo como cumpriram a missão, em Moçambique, de apoio às vítimas do ciclone Idai.
Os bombeiros do Cartaxo responderam ao “pedido de assistência internacional formulado pelas autoridades moçambicanas, via Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia que se enquadra no auxílio externo que Portugal tem vindo a prestar no âmbito do esforço internacional de ajuda a Moçambique” e, no dia 22 de março, enviava uma embarcação de socorro e dois homens: o adjunto de comando Vítor Rodrigues e o bombeiro de 1ª António Loureiro, ambos ao serviço dos Bombeiros Municipais do Cartaxo há mais de 20 anos.
Vítor Rodrigues e António Loureiro seguiram integrados numa Força Conjunta (FOCON) da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), enviada por Portugal, com uma equipa de 19 elementos de bombeiros de oito corporações do distrito de Santarém.
“Os elementos da FOCON cumpriram de forma pronta e exemplar as missões atribuídas no esforço nacional e internacional de ajuda ao povo de Moçambique, em que revelaram grande dedicação e empenho, fatores que, conjugados com uma postura flexível e proativa, permitiram ao comando da Força a sua projeção e envolvimento em múltiplas tarefas, designadamente no transporte de alimentação, água potável e diversos bens essenciais ao restabelecimento do quotidiano das populações afetadas, bem como em missões de busca e salvamento e de desobstrução de vias de comunicação. A participação da Força num conjunto de intervenções bem distintas, granjeou inúmeros elogios, quer das comunidades locais, quer das instituições europeias e internacionais presentes naquele território.
Não obstante tratar-se de um teatro de operações distante, com condições naturais e sociais particularmente exigentes após a passagem daquela tempestade, que afetou especialmente a província de Sofala, os objetivos alcançados pela força destacada para Moçambique são demonstrativos da capacidade manifestada por todos os operacionais para ultrapassar as dificuldades, tendo sido desenvolvidas todas as tarefas com elevado profissionalismo e sentido de missão.
Na verdade, só operacionais altamente preparados, conscientes das suas capacidades e que treinam envolvimentos operacionais semelhantes aos que encontraram naquele país, reúnem condições físicas e psicológicas para serem projetados em tão curto espaço de tempo e cumprirem de forma digna de louvor as missões que lhes foram confiadas”, refere o louvor, publicado em Diário da República, esta quinta-feira, 9 de julho.
Nos primeiros dias de missão, já em terras moçambicanas, o Jornal de Cá falou com o adjunto de comando Vítor Rodrigues, ao telefone, que nos relatava um cenário difícil, com tudo devastado e as “pessoas que perderam tudo, sobrevivendo à custa do pouco que sobrou”. Perante isto, dizia, “temos de esquecer muita coisa. Não é fácil”.
“O calor e a humidade (35º com 90 por cento de humidade) também fazem a diferença”, dizia-nos Vítor Rodrigues, acrescentando que “vamos-nos adaptando”. Segundo o adjunto de comando dos Bombeiros do Cartaxo, as águas turvas e as marés não facilitam o trabalho de navegação durante o transporte de alimentos, água e medicamentos à população isolada de Buzi, uma localidade no centro do país que ficou isolada depois da ligação por terra ter ficado cortada devido às cheias provocadas pelo ciclone.
Uma missão que deixou marcas aos nossos bombeiros que, apesar de notarem a capacidade de adaptação daquelas pessoas a uma catástrofe destas, não vão esquecer o estado de calamidade em que estas se encontram, reconhecendo que esta estava a ser uma grande experiência de vida. “Quando nos aproximamos de uma povoação vemos inicialmente uma ou duas pessoas e passado uns segundo já temos umas trinta ou quarenta a rodear-nos” a pedir água e comida, contava Vítor Rodrigues, lembrando que três dias depois da sua chegada as pessoas já bebiam água tratada – “foi uma grande vitória”, reconhecia com grande contentamento. “As pessoas estavam a beber água do rio, que estava castanha”, relatava o bombeiro sublinhando a euforia quando viam uma uma garrafa de água, própria para beber.
O sinal de desmobilização das equipas de resgate, na qual se enquadrava a missão dos bombeiros do Cartaxo, foi o nível das águas ter baixado com alguma rapidez, tornando possível a ligação por terra.