Votas no distrito de Santarém? Só vale a pena votares em 3 partidos
"O momento atual é claro: no distrito de Santarém há 8 deputados praticamente eleitos (3 do PS, 3 do PSD e 2 do Chega). É a eleição do nono e último deputado que está em disputa até às eleições, sendo que esse deputado será de um destes três partidos". Por Ricardo Magalhães
Ouvimos muitas vezes falar no voto útil, partindo-se do princípio errado de que toda a gente sabe o que é. Importa esclarecer o que é o voto útil e de que forma pode (e deve) afetar a nossa decisão no dia das eleições.
Para entendermos o que é o voto útil, devemos entender primeiro como funciona o nosso sistema eleitoral. Com o nosso voto nas eleições legislativas, elegemos os deputados que se candidatam pelo nosso distrito (por exemplo, Pedro Nuno Santos candidata-se por Aveiro, Luís Montenegro e André Ventura candidatam-se por Lisboa). Os distritos com mais eleitores elegem mais deputados (no distrito de Santarém elegemos 9).
A conversão dos votos em deputados eleitos por distrito é realizada segundo o método de Hondt. Convido-vos a pesquisarem mais sobre este método. Mas quer isto dizer que os votos nos partidos menos votados não elegem ninguém (não são “úteis”). E as sondagens são muito claras: só PS, PSD e Chega têm hipóteses de eleger no distrito de Santarém. Os partidos mais pequenos só têm hipóteses de eleger nos distritos com mais deputados (como em Lisboa e no Porto).
O momento atual é claro: no distrito de Santarém há 8 deputados praticamente eleitos (3 do PS, 3 do PSD e 2 do Chega). É a eleição do nono e último deputado que está em disputa até às eleições, sendo que esse deputado será de um destes três partidos. Ou seja, um eleitor de esquerda que vota no distrito de Santarém está a atirar o seu voto ao “lixo” se não votar PS, pois não vai conseguir eleger um deputado de outro partido e o seu voto no PS poderia fazer a diferença para que a esquerda conseguisse mais um deputado (tão necessário para uma maioria de esquerda no parlamento). O mesmo é válido para um eleitor de direita, que não vote no PSD e Chega.
No panorama atual, só com uma união muito forte das esquerdas será possível atingir uma maioria de esquerda no parlamento. Uma maioria necessária se quisermos evitar voltar ao tempo de uma governação de direita com uma economia de baixos salários, na qual muitos (sobre)viviam com pouco mais de 400€ líquidos por mês. Nos últimos 8 anos de governação de esquerda o salário mínimo cresceu 60% e o salário médio quase 30%. Tudo isto com um crescimento económico 10 vezes superior. É preciso continuarmos este caminho de valorização do trabalho e dos trabalhadores. E tal só é possível com uma forte aposta no voto útil à esquerda fora dos grandes centros urbanos.