Francisco Colaço, 61 anos, deputado municipal eleito pelo BE na Assembleia Municipal do Cartaxo, é candidato a presidente da Câmara Municipal do Cartaxo pelo Bloco de Esquerda.
Que projeto defende para o futuro do concelho?
Não temos só um projeto para o futuro do Cartaxo. Queremos desenvolvimento, participação das populações e democracia. Melhorar a vida no concelho. Dar valor à qualidade de vida, incluindo os espaços públicos. Subir a exigência de padrões coletivos. Dar muito valor a duas questões fundamentais criação de emprego, e propiciar habitação social a preços acessíveis. Os aspetos de apoios sociais estão diretamente ligados a estas preocupações gerais. Juventude, jovens casais, e em geral, necessitam de condições para se fixarem no concelho e iniciarem uma vida ativa e, por outro lado, os idosos necessitam de tranquilidade e paz depois de uma vida de trabalho.
E com que políticas pretende implementar esse projeto?
Com políticas ativas de busca de empresas para ocuparem o espaço disponível, no município do Cartaxo, para a sua fixação cá, criando novas áreas se necessário for. Não é dentro do edifício da sede do município que tal se faz. Profissionalmente estive, maioritariamente, na área dos negócios, grande parte da minha vida, e sei exatamente qual o esforço necessário para tal tarefa, fundamental para o futuro do Cartaxo.
Utilizando a margem financeira, orçamental, disponível para o início dessa implementação de políticas definidas acima e, também, legislação recente, mas que se torna insuficiente, pelo que tudo faremos para que essa margem de investimento público seja aumentada, no concelho do Cartaxo.
O concelho necessita de investimento reprodutivo, na habitação a custos controlados, por exemplo, para de forma sustentada, se ir criando o que faz falta e controlar a especulação nos respetivos preços.
Apoios no pagamento de medicamentos de pessoas/famílias carenciadas sempre foi uma das nossas preocupações e prioridades, aumentar a verba disponível para essa área social.
Enquanto candidato à liderança da autarquia o que é que o distingue dos demais candidatos?
Na preocupação de aplicar políticas sustentadas, seja a nível económico, seja a nível social, seja a nível ambiental. Temos um pensamento e ideário eco-socialista.
Ouvir sempre as populações e ser com elas que queremos gerir melhor o município. É para as populações e com as populações que as nossas políticas têm sentido. Na maioria ou quase totalidade dos outros projetos não existe essa predisposição. Existe mesmo alguma desconfiança da ouvir a opinião das pessoas. Tive a prova disso algumas vezes em propostas feitas por mim em Assembleia Municipal. O PSD não queria ouvir as populações sobre políticas de mobilidade e transportes no município do Cartaxo. O PS achou que a minha proposta era a melhor que alguma vez tinha sido feita, mas depois colocou-a na gaveta. Eles farão parte do que se costuma chamar de “classe política” com tudo o que já sabemos que são. Nós temos as nossas vidas, não somos políticos profissionais e dedicamos o tempo a representar, defender e ajudar as pessoas a encontrar soluções para os seus problemas. Quem já me pediu ajuda e contactou, e foram vários munícipes, sabe como somos para ajudar e que não queremos deixar ninguém para trás. As estruturas sociais e não só, da Câmara Municipal e algumas estruturas da Segurança Social sabem que assim somos, até mesmo algumas ONG´s do Cartaxo sabem que assim é. Estamos para ajudar e procurar soluções.
Conhecemos o município, as pessoas e as pessoas conhecem-nos, sabem que estamos para ajudar. Vamos ter com as pessoas, às suas casas, quando nos pedem, aos problemas reais e procuramos ajudar, soluções e caminhos.
As pessoas conhecem-nos e sabem que estamos para ajudar a melhorar a vida. E essa é uma diferença enorme.
Como avalia os dois mandatos do executivo socialista – que balanço faz dos últimos anos da gestão desta autarquia?
Quero começar por reconhecer o esforço feito para equilibrar as contas do município, deixadas num estado lastimoso depois das gestões de Caldas e Varandas.
Depois entendo que existe muita propaganda, muito anúncio, muita fachada na gestão autárquica, e fica tudo por um bluff de uma falsa humildade sempre muito anunciada, mas que serve para encobrir a incapacidade de ter pensamento estratégico para o concelho do Cartaxo.
Gerir um concelho não pode ser uma etapa numa carreira política, estamos a lidar com a vida das pessoas e isso deve merecer o nosso maior respeito.
Muito amadorismo, desleixo, e alguma irresponsabilidade. O pior de tudo é que não existe um pensamento estratégico para o concelho do Cartaxo por parte desta liderança do município.
O assunto Cartagua deveria ter sido resolvido já, com a resolução do contrato, que foi já denunciado pelos organismos reguladores como lesivos do interesse público e das populações. Há situações na nossa vida de gestores que temos de ter coragem e tomar as decisões que se impõem, arriscar, pelo interesse público, ou se quisermos, sair da letargia e avançar corajosamente. Isso não aconteceu, e agora parece que quem está a tomar a iniciativa é a própria Cartagua. Encontrou a falta de iniciativa por parte da direção do município e decidiu avançar. Bem os entendemos. Foi da parte do município que faltou a visão estratégica de análise da situação.
As populações não vão pagar aumento nenhum de água da ordem dos 36%, usaremos todos os meios, legais, para o impedir. E se necessário pediremos ajuda à mobilização cidadã das populações.
Outra consequência da letargia municipal foi a vergonha do tema Tagusgás. Total incompetência, inadmissível, na gestão deste assunto.
Quando estamos a tratar da vida das pessoas temos de ter muito cuidado, ponderar bem, analisar e ter um grande respeito por essas mesmas pessoas e pelas suas dificuldades. Isso, em nosso entender não aconteceu. Aconselha a experiência e a maturidade que “antes prevenir que remediar” e foi o que não aconteceu. As desculpas não se pedem, evitam-se, aconselha a sabedoria.
Um balanço negativo destes dois mandatos, em que a única coisa a realçar foi a preocupação de reduzir o passivo, liquidar aos fornecedores e renegociar as condições do empréstimo do FAM.
Um município não pode viver só desse balanço, porque tem estado de costas voltadas para os munícipes, para o estado dos espaços públicos, do estado das estradas, de políticas de desenvolvimento de atratividade de empresas, (de anúncio falhado em anúncio falhado), na ausência de pensamento estratégico para o futuro do concelho.
O Município do Cartaxo necessita quem o pense estrategicamente, com perspetiva de um futuro para todos. Aí estamos nós, para trabalharmos por isso, com todas e todos, com competência, verdade e transparência, despindo a camisola partidária e vestindo a camisola do município e das suas populações, no dia a seguir às eleições.
Queremos estar no executivo para podermos influenciar positivamente o nosso futuro coletivo. Quem nos conhece sabe que podem confiar. Contamos com todas e todos.