Coronavírus: Mensalidades pedidas pelo JIC causam polémica entre os pais

Uma comunicação do Jardim de Infância do Cartaxo (JIC) na sua página de Facebook está a indignar os pais das crianças que frequentam a instituição, havendo alguns que fizeram chegar o seu descontentamento ao Jornal de Cá.

A comunicação do JIC visa informar os pais das mensalidades a pagar nos meses de março (em que a instituição encerrou, por decisão governamental como forma de prevenção contra o contágio por Coronavíus, a 16 de março), e abril, mês em que continua encerrada, desconhecendo-se se vai reabrir ou não. Assim, a mensalidade relativa ao mês de março teve uma redução de dez por cento e a mensalidade do mês de abril de 20 por cento.

Segundo a comunicação, “não obstante as crianças passarem a ficar em casa (…), os pais beneficiarão de um apoio financeiro por parte das respetivas entidades empregadoras e Segurança Social, mas nós continuaremos a ter de fazer face às despesas assumidas para assegurar o funcionamento da resposta social, nomeadamente, salários dos trabalhadores e outros encargos já assumidos”.

Assim, “percebendo o impacto desta medida para os pais, mas também percebendo que não se prevê uma redução das nossas despesas, procederemos a uma redução de dez por cento sobre a mensalidade do mês de março e 20 por cento sobre a mensalidade do mês de abril”.

As reações não se fizeram esperar. Na página de Facebook do JIC choveram comentários: “quero muito que o JIC continue e que continue sobretudo com os profissionais a quem confiamos os nossos filhos. E por isso estou disposta a pagar, mas dentro dos termos do razoável e justo!”, dizem uns. Houve quem defendesse que “o JIC tem que pedir apoio ao estado! Não aos pais que estão já a ver os seus ordenados reduzidos. Não faz nenhum sentido esse pedido a cair para o sentimental. Concordo com uma taxa de solidariedade, mas nada parecido com estes valores! As famílias do JIC têm contas para pagar como todos os pais têm”. Há pais que consideram que “eles têm de pensar no seu sustento, até aí percebo, e no nosso quem pensa, quem ajuda?? Metam a mão na consciência e recorram às ajudas do Estado!”; ou ainda “realmente isto parece ser a gozar. Então as crianças não vão à escola e ainda temos de pagar quase a mensalidade toda?”, são alguns dos comentários deixados por pais quanto a esta comunicação.

O Jornal de Cá foi, junto da direção da instituição, tentar obter esclarecimentos sobre esta situação. O presidente, Dário Nogueira, começa por explicar que “o orçamento geral dos custos do JIC, só para salários, são 80 por cento, já que nós não vamos para layoff, na medida que eles cortam-nos as comparticipações da Segurança Social. Ou seja, cortam-nos cerca de 70 por cento de receitas. Logo, o Jardim tornar-se-ia inviável financeiramente”. A acrescer aos salários “há outros custos, como seguros de responsabilidade civil dos meninos de que nós não podemos dar baixa, os seguros dos carros… todos os seguros do Jardim são bastante onerosos”, conta.

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A diminuição das despesas pelo facto de as crianças não estarem na instituição, com alimentação, luz, água e combustíveis “representa 15 por cento de todos os outros custos. Ou seja, nós, em termos de custos, ao estarmos a dar uma redução de 20 por cento, já o Jardim está onerado em cerca de cinco”, acrescenta este responsável. Assim, “a redução que estamos a fazer é para manter a sustentabilidade do Jardim, senão a gente não consegue aguentar” e “esta é a única razão”.

Realçando que “a posição dos pais, eu entendo-a, claramente, eu entendo o esforço. Nós estamos a fazer a mesma coisa. Já os cinco por cento eu não sei onde os vou buscar”, Dário Nogueira confia que “os pais farão como entenderem. Agora, para continuarem no Jardim, é preciso que o Jardim exista. E para existir, os pais, que são sócios, têm que ajudar”.

A comunicação do JIC informava os pais que os pagamentos teriam de ser feitos presencialmente, na secretaria da instituição. Essa situação já foi ultrapassada, uma vez que o JIC vai disponibilizar o NIB para que os pais possam fazer transferência bancária. Para isso, basta ligarem para o Jardim, informarem-se do montante a pagar, fazerem a transferência com o nome do utente e enviar cópia para o Jardim.

A finalizar, Dário Nogueira garante que “se pudéssemos fazer 30, fazíamos 30, baixávamos. Mas não podemos, o Jardim não vai funcionar, não vai abrir, é impossível”.

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