Ode aos Portugueses

Opinião de Afonso Ferreira Marques Morango

Entre selfies e discursos sentidos, pouco depois da gloriosa vitória lusa no Stade de France em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa disse que os portugueses eram os melhores, elogiando todas as suas qualidades. Anos depois, durante uma visita a Maputo, o nosso presidente reiterou a ideia de que o povo português é, de facto, “muito bom, o melhor dos melhores”, indo até mais longe ao afirmar que, com um povo assim, nem sequer é difícil ser-se presidente da República. Ora, uma pandemia e meia depois, posso dizer que concordo com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Portugal foi, de facto, o melhor, e os portugueses estão de parabéns.

No passado dia 27 de setembro, reuniram-se, nos grandes salões de Manhattan, os líderes responsáveis pelas regras do jogo das potências mundiais. Políticos de todas as nações juntaram-se para discursar no imponente auditório da Assembleia Geral das Nações Unidas acerca das crises que têm fustigado o mundo ao longo dos últimos anos. E, embora nos vejamos sem mãos a medir perante uma crise climática de avultadas dimensões, foi a pandemia que abrandou tantos dos empreendimentos humanos o tema que mais olhares internacionais atraiu. Marcelo pôde, finalmente, mostrar o porquê de o povo português ser, de facto, o melhor dos melhores.

Foi com mais de 75% da população vacinada que chegámos às portas do faustoso edifício azul situado na cidade que nunca dorme. No seu discurso, ainda que tenha abordado tópicos relacionados com a política externa portuguesa, o nosso presidente deixou transparecer um fervoroso amor à pátria lusa. Num palco por onde já passaram todo o tipo de figuras que marcaram a História, as palavras de Marcelo não passaram despercebidas e, mesmo que a máscara não nos tenha permitido reparar, será seguro pensar no imenso orgulho que António Guterres sentiu enquanto assistia ao discurso do presidente da República Portuguesa.

Numa altura em que a Europa de Leste e tantas outras zonas do globo sofrem ainda com os nefastos efeitos da pandemia, Portugal lidera o ranking mundial dos países com maior percentagem de pessoas vacinadas. E, embora ainda estejamos imensamente longe de ultrapassar esta crise pandémica, a economia portuguesa já prepara a estação fria de outra forma, sabendo que o trabalho da task-force do Vice-Almirante Gouveia e Melo nos dá outra segurança.

Não deixa de ser um pouco surpreendente a forte adesão dos jovens portugueses à vacinação, comparando ao forte negacionismo que surge como um difícil obstáculo à vacinação em tantos países. É, de facto, um motivo de orgulho nacional o comportamento da população em geral, que nos permitiu estar na vanguarda da vacinação mundial. O nome do nosso país começa agora a surgir nas declarações da Organização Mundial de Saúde como exemplo a seguir e os portugueses podem agora respirar tranquilamente, ainda que seja imperativo evitar ceder ao desleixe.

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Numa época em que o mundo se prepara para lidar com as consequências lesivas do vírus, Portugal mostrou ser mais do que capaz de lidar com uma crise de grandes dimensões. E, ainda que o “politicamente correto” não permita a Marcelo dizê-lo em certos palcos, «Cesse tudo o que a Musa antiga canta/ Que outro valor mais alto se alevanta». Esse valor está no âmago do povo português que nos tem permitido ultrapassar esta dura crise juntos, perante um mundo inusitado que assiste a um consternador crescimento do negacionismo.

*Artigo publicado na edição de novembro do Jornal de Cá.

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