O Programa Adega Experience traz ao concelho visitantes de fora, normalmente apreciadores de vinho, que querem, acima de tudo, viver a tradição das vindimas, da pisa das uvas e passar momentos agradáveis entre o campo e a mesa, onde o vinho é rei.
Para celebrar o início da época das vindimas, a Adega do Cartaxo criou uma programação especial para o efeito, convidando a visitar a Adega e as vinhas.
A Revista DADA foi acompanhar uma das visitas do Programa Adega Experience e conta-lhe a experiência de um grupo vindo de Cascais que, para além de ficar a conhecer as instalações da Adega do Cartaxo, foi à vinha e pisou as uvas que colheu.
Este tipo de roteiros começa a ser comum um pouco por todo o País, mais em quintas, sendo a Adega do Cartaxo uma das poucas a oferecer este tipo de visitas, ainda mais mostrando todo o processo que transforma as uvas dos seus associados em vinhos premiados nacional e internacionalmente.
O encontro, na Loja da Adega, começa com um agradável brinde de boas-vindas, que deixou logo os dois casais brasileiros entusiasmados com a frescura de um Plexus rosé. Houve quem não resistisse a repetir, num dia que não estava muito quente, com um sol envergonhado, mas que ainda assim pedia uma bebida fresca. “Muito apropriado para a época”, consideravam enquanto se deliciavam com este vinho frisante “de tom rosado brilhante, aroma intensamente frutado, com notas de framboesa, morango e cereja”. “Esse negócio é muito bom!”, exclamava um dos visitantes, no seu sotaque brasileiro, enquanto voltava a servir os copos.
Depois deste primeiro momento de descontração e enquanto as senhoras experimentavam as t-shirts oferta da Adega do Cartaxo aos visitantes, tal como um chapéu, os seus pares já iam olhando as garrafas em exposição na loja da Adega e que mais tarde haviam de levar para casa.
Já na vinha, situada na freguesia de Valada, e depois de um longo percurso que deu oportunidade aos visitantes de apreciar a Lezíria do Tejo, foi tempo de pôr mãos à obra e vindimar. Uma carreira bem carregada de uva tinta esperava por estes quatro entusiastas que, de imediato, se agarraram aos cestos e às tesouras para começar a apanhar os cachos escondidos por detrás de frondosas parras de videira. Uma técnica quase caída em desuso, pois atualmente boa parte das vindimas já não é feita manualmente, mas com máquinas que, pudemos ver, andavam na mesma vinha a fazer a colheita.
No decorrer dos trabalhos ia-se ouvindo: “Que legal!”, mas também “É difícil!” e ainda “É bonito demais!” A animação era tão grande como a vontade de aprender a fazer o trabalho com o maior rigor. Faltavam “as crianças”, lamentavam, mas a escola já havia começado e as vindimas também estão prestes a terminar, impossibilitando a sua vinda ainda este ano.
Conseguida a quantidade necessária de uvas para que tivessem oportunidade de experimentar a pisa, estavam de volta à Adega do Cartaxo para uma visita às instalações, não sem antes terem oportunidade de verem pesadas as uvas que colheram (160 quilos de uva tinta, da casta Touriga Nacional) e todo o processo de receção das uvas, antes das descargas, onde para além de se pesarem as uvas, é logo analisado e registado o produto em termos de grau, casta e tipo de colheita (manual ou mecânica).
Entre o som dos tratores, máquinas em movimento e dos aromas das uvas que vão sendo espremidas e separadas do engaço, os visitantes observam curiosos todos os passos e processos, seguindo o percurso do vinho desde a zona de vinificação, às linhas de enchimento e ao armazém de produto acabado. Mas, antes de chegar à zona de enchimento/ engarrafamento, ainda houve tempo para visitar a sala de barricas de carvalho (maioritariamente francês) onde estagiam alguns vinhos da marca. Aqui, para além da experiência de estar num espaço cheio de barricas de vinho, onde o aroma a madeira é intenso, os visitantes podem cheirar alguns vinhos da barrica, nomeadamente o Terras de Cartaxo Reserva (que tem 10 meses de estágio em barricas de carvalho Francês).
O espaço da Adega é imenso, a quantidade de vinho produzida é de dez milhões de litros por ano e a aposta na tecnologia faz com que seja autossuficiente desde a matéria prima até ao produto final, de forma eficaz e eficiente. Por esta altura, e depois de ouvir as explicações dos vários processos da vindima, da produção do vinho, e dos vários espaços das instalações, assim como a história desta adega cooperativa, criada em 1954 e que, atualmente, produz cerca de dez milhões de litros de vinho, com os vinhos tintos a representarem cerca de 70 por cento desta produção, os visitantes encontravam-se surpreendidos com tamanho desenvolvimento.
Mas a vindima e a pisa terão sido as melhores partes da experiência, tal o entusiasmo com que se entregaram às tarefas. A ver pela alegria, principalmente das senhoras, que foram as primeiras a largar os sapatos e a entrar na tina para dar início à pisa das uvas, este foi um momento alto da visita, logo após a ronda à adega. Um momento que haviam de repetir, cada uma com o seu parceiro, de sorriso largo nos lábios e abraços cúmplices que, aproveitavam, e registavam em mais uma foto, antes de irem todos almoçar ao restaurante Taxo.
Mas os visitantes deste dia, com idades a rondar os 50 anos (a classe etária que mais procura este programa de visitas que a Adega promove há dois anos, segundo Joana Alves, que conduz estas visitas), ainda haviam de voltar à Adega do Cartaxo para uma prova de vinhos, que seria o culminar da experiência vivida no Cartaxo. Um dos dois casais (ambos vivem em Portugal há cerca de dois anos) já havia experimentado um roteiro do tipo no Cadaval, em 2018, e este ano quis repetir e trazer os amigos. No final, a resposta que ouvimos, quase em uníssono, relativamente a esta experiência foi: “adorámos!”. Com as vindimas do Cartaxo a chegar ao fim, o melhor é despedirmo-nos com um ‘até para o ano’!
Reportagem publicada na edição impressa, nº82 de 2019, da Revista DADA.