Nem um mês depois de ter anunciado, em comunicado, que não iria ser candidato à presidência da Câmara do Cartaxo pelo PSD, afinal, Jorge Gaspar é mesmo o candidato apoiado pela Comissão Política Concelhia do PSD Cartaxo.
Na altura (10 de novembro), em comunicado enviado às redações, Jorge Gaspar alegava que “no cumprimento dos princípios éticos que guiam e orientam a minha vida pessoal e as minhas atividades profissional e política (e dos quais, em caso e circunstância alguma, estou disposto a abdicar) e por respeito ao património autárquico do Partido Social Democrata e aos seus valores políticos enquanto grande partido do Poder Local, torno público que, por isso, acabei de transmitir ao presidente da Comissão Política Concelhia do PSD/Cartaxo a minha indisponibilidade para ser o candidato do PSD a presidente da Câmara Municipal do Cartaxo nas eleições autárquicas de 2017”.
Na ocasião, e ouvido pelo Jornal de Cá, o presidente da Comissão Política Concelhia do PSD Cartaxo, José Augusto Jesus, realçava que Jorge Gaspar “é um dos nomes que, pela sua competência e curriculum, é um militante de referência há muitos anos”, dentro da estrutura local. Como tal, é um militante que, juntamente com outros, “podem constituir-se como opção para o PSD Cartaxo para as autárquicas de 2017”.
Agora, depois da Assembleia de Militantes realizada nesta terça-feira, a Comissão Política Concelhia “deliberou indicar e apoiar Jorge Gaspar como candidato a Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo nas eleições autárquicas que se realizam em 2017”, conforme comunicado.
O comunicado acrescenta que “a candidatura apoiada pelo Partido Social Democrata do Cartaxo consubstanciará um projeto autárquico abrangente, aberto à sociedade civil e capaz de mobilizar a participação de cidadãos independentes que se revejam e queiram contribuir para a construção de uma alternativa política pela positiva e comprometida com o futuro do Cartaxo”.
Jorge Gaspar tem 46 anos, é casado e pai de três filhos, vive nos Casais da Amendoeira, em Pontével, desde 2010. É professor coordenador do ISEC Lisboa (Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa) e fundador e sócio-gerente da empresa de consultoria Jorge Gaspar Consultores – Estratégia e Desenvolvimento, Lda., com sede no Cartaxo.
O presidente da Comissão Política do PSD, questionado sobre o que é que mudou para Jorge Gaspar aceitar, agora, ser candidato, salienta que “o processo autárquico, no caso do PSD, o processo que nos conduz à escolha de um projeto e dos rostos desse projeto, não é algo que se feche da noite para o dia”.
Por isso, lembra que “já disse repetidas vezes, o Jorge Gaspar reunia todas as condições para ser o primeiro candidato do PSD Cartaxo e desde a primeira hora manifestou a sua disponibilidade para aquilo que o PSD entendesse, incluindo para ser o candidato à Câmara. Nas inúmeras reuniões da Comissão Política e duas assembleias de militantes, que decorreram, para este efeito, desde setembro passado, o PSD Cartaxo tratou de fazer o seu trabalho, ponderar, discutir, ouvir toda a gente, e isto leva tempo”.
Além disso, José Augusto de Jesus salienta que “o Jorge Gaspar entendeu manifestar a sua indisponibilidade para a candidatura, por circunstâncias que já teve oportunidade de explicar nos órgãos internos do partido, e que foram compreendidas. A Comissão Política tomou a sua decisão, entendendo que o perfil do Jorge Gaspar era aquele que encaixava no projeto autárquico do PSD Cartaxo. Fui mandatado para lhe transmitir essa decisão e convidá-lo formalmente para ser o candidato do PSD à presidência da Câmara, pedindo-lhe para reconsiderar a sua posição, o que aconteceu há alguns dias atrás”.
Este responsável adianta que não foi difícil chegar a um entendimento, uma vez que “o Jorge Gaspar comunga da estratégia, das prioridades, do caminho que o PSD Cartaxo definiu e que foram explanadas no anúncio da candidatura: projeto autárquico abrangente, aberto à sociedade civil e capaz de mobilizar a participação de cidadãos independentes que se revejam e queiram contribuir para a construção de uma alternativa política pela positiva e comprometida com o futuro do Cartaxo“.
Jorge Gaspar esclarece que o que mudou de novembro para cá foi “uma clarificação da estratégia autárquica do partido”, que deverá apresentar uma candidatura “não comprometida com o passado, mas com propostas futuras” e aberta à participação de independentes.
Assumindo que só recentemente foi convidado para encabeçar esta candidatura, Jorge Gaspar conta que apenas tinha sido sondado sobre essa possibilidade, tendo assumido, na altura, “total disponibilidade para colaborar no processo autárquico” do PSD, para tudo que a Comissão Política entendesse que poderia ser útil o seu contributo.
Totalmente “alinhado com a Comissão Política”, no que respeita a prioridades ou timings, o candidato assume que é preciso “mudar o estado de coisas”. E porque “gosto de fazer política no local onde moro”, Jorge Gaspar defende que “o Cartaxo precisa de um debate político profundo, precisa de discussão”.
Sendo o PSD, segundo Jorge Gaspar, totalmente alheio ao estado em que se encontra o concelho, o candidato garante não temer as repercussões que o seu comunicado de novembro possam vir a ter na campanha, até porque “haverá tempo para debater” o projeto do PSD. Eventuais discussões à volta do seu comunicado serão apenas “fogo-de-artifício”.