O associativismo é, a meu ver, um daqueles assuntos inesgotáveis.
Há cerca de uma dúzia de anos, promovidas pelo Município, realizaram-se umas jornadas, cuja designação não recordo, que tinham como objectivo debater e prever, tanto quanto possível, como seria o Cartaxo em 2020.
Vários eram os temas, de indubitável acuidade e, com diferentes painéis de especialistas cujas teses foram base de discussão. O associativismo foi um deles.
O painel sobre o associativismo foi constituído por um arquitecto e, salvo erro, um advogado, cujas teses, muito interessantes, deram azo a um vivo e profícuo debate, numa sala repleta de dirigentes associativos e de políticos. O entusiasmo foi tanto que, recordo, após muitas horas de discussão, os dois moderadores tiveram alguma dificuldade em encerrá-lo, com as devidas conclusões. A tarde foi curta para tão candente assunto e, curiosamente (ou talvez não?), não se falou de subsídio-dependência(!).
Vem isto a propósito de eu ter tido oportunidade de, ao longo do tempo, assistir/participar em vários debates sobre o tema, com painéis compostos por diversos especialistas, tais como: dirigentes associativos, dirigentes políticos, professores, fiscalistas, economistas, advogados, arquitectos, programadores culturais, dinamizadores desportivos, etc. No entanto, em nenhum vi um sociólogo.
Estranho porque, a meu ver, é precisamente nas alterações da sociedade que reside a mudança de paradigma do associativismo.
Se pensarmos nas profundas mudanças operadas na sociedade portuguesa nas últimas décadas coloca-se-nos a seguinte questão: será que as nossas colectividades alteraram os seus modelos associativos em conformidade? Será que uma análise sociológica não fará falta para ajudar a ultrapassar os actuais problemas do associativismo? Penso que sim, que seria uma preciosa ajuda!
Esperemos que em futuras realizações de debates a propósito, os painéis integrem sociólogos.
Artigo publicado na edição de maio do Jornal de Cá.