Marcelo Rebelo de Sousa tem marcado a agenda política portuguesa e traz consigo e na sua abrangente forma de estar, um perfume humanista que alimenta a esperança num país melhor. O seu recente veto a uma lei mais do que polémica de alteração do financiamento dos partidos, mostra que exerce o seu mandato com a clareza e lucidez que se impõe a um presidente e que não confunde apoio ao executivo com aprovações cegas de diplomas pouco transparentes e gerados de modo opaco e questionável. Se antes muitos criticavam o “colinho” que foi dando a um governo envolvido em polémicas constantes, dando o suporte institucional para que a governação seguisse possível, dissipam agora as dúvidas com o esclarecedor e esclarecido veto presidencial a uma lei que inquietou o País perante mais uma demonstração da proteção do poder a si mesmo. Pretender retirar o teto do financiamento privado e isentar de IVA os partidos é além de ofensivo ao comum contribuinte, um querer abrir portas a influências financeiras sobre a atividade partidária para lá da razoabilidade do atual enquadramento. Marcelo andou bem e fez o que deveria ser feito, reenviando à origem uma lei nebulosa e envolta em polémica. A esta hora estão os partidos na azáfama de decidirem entre a alteração dos pontos críticos e a sua aprovação em assembleia com maioria de dois terços, condição suficiente para poder vingar. Atentemos aos próximos passos e consoante as decisões tomadas iremos retirar as devidas conclusões sobre quem é o quê na (i)lógica partidária vigente.
Uma coisa fica indelével com o término de 2017 e as suas extremas dificuldades a nível político na relação com o país real, é Marcelo quem une as hostes e mantém esta velha nação movida a esperança. O executivo teima em se endeusar com os feitos!! europeístas (a ver vamos) e vai dando tiros nos pés dentro de portas, mostrando fraquezas na gestão do território e na proteção das populações, denotando limitações na segurança militar, evidentes no ensurdecedor silêncio da falta de explicações sobre Tancos, e mostra o seu lado obscuro no nepotismo grosseiro que faz do governo uma vasta teia familiar e altamente criticável na sua génese.
Com a chegada do novo ano percebe-se que a austeridade continua bem viva e que só a máquina bem oleada da orquestração sindical em avisada pausa sabática!! permite fazer passar entre os pingos da chuva. Os preços subiram em flecha, o IRS é “criteriosamente” subido nos seus escalões para gerar mais devoluções aos contribuintes em ano de eleições e o populismo abraça o poder sem que alguém pareça corajoso o suficiente para o denunciar de viva voz.
Este adormecimento doentio é conduzido de modo a que este ano seja apenas a ponte para um ano de 2019 a ganhar em pleno, com todos os benefícios que as urnas podem proporcionar a quem governa para tal. Num país de contrastes, com um quinto da população no limiar da pobreza, vemos a autarquia de Lisboa a consolidar séquitos de consultores pagos a peso de ouro, assistimos a subidas de vencimento médio das chefias de cargos públicos superiores a cinco por cento, enquanto os abonos baixam, as pensões são geridas com pinças e as famosas cativações, nome bonito para falar de cortes!! vão dando os sinais de rutura evidente, como a falta de aquecimento nas escolas em tempos de frio.
E o povo lá vai pagando tudo e mais alguma coisa! E só Marcelo parece poder travar este ímpeto de fundo com que o poder se vai protegendo, em vestes douradas e luxos tão questionáveis quão aberrantes num país em dívida permanente. Este sentimento de estarmos à deriva é aplacado pelo presidente-rei que toma os assuntos literalmente em mãos e vai fundo no país real, abraçando o povo, secando-lhe as lágrimas e dando-lhes a centelha de esperança que a governação insiste em apenas prometer, falhando arrogante e despudoradamente, em toda a linha, na sua relação com os que Marcelo abraça, escudando-se nos amigos e protegidos desse mesmo poder e criando contrastes inqualificáveis num país que se diz democrático e se arroga um verdadeiro estado de Direito.
Marcelo, mais do que um presidente é hoje a cola que une o País, é o rosto da humanidade que congrega os desvalidos e desprotegidos de um Estado que falha em permanência. É o rosto da esperança e da crença abnegada de que somos um país possível, de que mesmo com tão fraca gente na execução ainda podemos almejar ser efetivamente tão bons quanto os prémios turísticos dos que agora nos descobrem, alvitram.
Longa vida ao “rei” Marcelo.