Após 18 anos na cidade do Cartaxo, a Via Centro, dos irmãos João e Paulo Reis, mudou de instalações, para o vizinho concelho de Azambuja.
Foram 18 anos a vender carros semi-novos em dois espaços na cidade: em frente ao Lidl e junto ao Ateneu Artístico Cartaxense. João Reis lembra que ambos estavam ligados aos automóveis novos desde 1993, onde permaneceram até ao ano 2000, o “que nos deu algum know-how. E essa década foi muito importante, porque foi quando dispararam as vendas de automóveis, porque chegaram os leasings e os financiamentos. Qualquer pessoa comprava um automóvel em financiamento, o que até lá não acontecia, porque não havia, as pessoas compravam carros com letras, a 30 por cento”.
Anos de ouro para este negócio. “Nessa altura, vendiam-se carros que era um disparate. Atendia-se um cliente a uma secretária e vendia-se outro ao telefone, ao mesmo tempo, e já estavam pessoas à espera”, conta, ainda João Reis.
Mas em 2000, com o surgimento do IA (Imposto Automóvel) para os jipes, registou-se uma quebra muito acentuada nas vendas. “Nós começámos a ver a coisa um bocadinho tremida, ‘como é que vamos contornar isto?’. E pensámos dedicar-nos a isto, pensámos em montar um negócio, ‘vamos vender aquilo que as pessoas procuram, aquilo que tem preço, porque conseguimos’. São os carros semi-novos. Claro que também tínhamos a sensibilidade do que é que se vendia mais, e foi assim”, revela o empresário.
Mas desde logo com uma filosofia diferente: “procuramos coisas muito fiáveis, coisas muito novas”, explica João Reis, secundado pelo irmão Paulo, que assegura que o atendimento na Via Centro é “diferente, nunca optámos por fazer uma oficina porque achamos que devemos realizar o check-up na marca e, no momento da entrega, ter ali o documento”.
A relação de confiança que os profissionais da Via Centro estabelecem com os clientes é de tal forma que “todos os meses vendemos oito, nove carros para as ilhas, sem os clientes virem cá. Como é que se compra um carro usado sem experimentar?”, questiona Paulo Reis. A relação com os clientes é alimentada pela “imagem que nos permite, neste momento, passar, via Facebook, via Instagram. Isso é que vende. A credibilidade, as entregas diárias dos carros, os posts que fazemos. As pessoas confiam”, explica João Reis.
E a aposta que desde cedo fizeram em projetar o negócio a nível nacional também é, em parte, responsável pela imagem de credibilidade de que gozam junto dos clientes. Como realça Paulo, “direcionámos e projetámos sempre muito o negócio a nível nacional, e acho que isso também foi fruto da nossa visão. Sempre apostámos muito em divulgar na imprensa. Na altura, era o que havia, não havia o online, e tínhamos sempre boas páginas, criteriosamente escolhidas, o que nos deu projeção”. “Vinha gente de todo o País à conta do Auto Hoje”, revela João Reis.
Além disso, “teremos sido, até, eu penso, que os primeiros a ter um site, há 17 anos”, diz Paulo Reis.
Desde então e (certamente) alguns milhares de viaturas depois, a Viacentro dispõe, agora de um único espaço com mais de 8.000 metros quadrados. “Junto à saída da A1, o País inteiro chega aqui rapidamente”, lembra Paulo. O local foi criteriosamente escolhido: de fácil acessibilidade, independentemente do ponto do País de onde sejam originários os clientes, que encontram neste novo espaço toda a comodidade que os dois irmãos consideram imprescindível a este negócio. Até porque, exemplifica João Reis, “já não tínhamos condições para receber ninguém, porque já era tudo tão apertado”. Aliás, “para fazer uma reunião de vendas tínhamos de fechar o stand, porque não conseguíamos receber ninguém”, reforça Paulo Reis.
João Reis revela que “tínhamos alguns clientes que diziam que era difícil ir para o Cartaxo. Nós dizíamos que não, que podiam sair em Aveiras ou no Cartaxo, e eles respondiam que quando se sai da autoestrada tem de se andar muito, que já cá tinham vindo mas tinham-se perdido. Porque as pessoas chegavam ao Cartaxo e perdiam-se, entravam nas ruas, os sentidos proibidos… às vezes, tínhamos de ir buscar clientes ao pé do hotel. Depois, o cliente vinha até nós mas não havia estacionamento, porque a Praceta tinha os moradores e os lugares estavam sempre tomados. Tínhamos de dizer ao cliente que tinha de ir estacionar no Lidl, tinha de vir com a família e atravessar a estrada. Era uma dificuldade, vivíamos esse drama, não era fácil, não era cómodo, não era confortável as pessoas virem à nossa casa”.
No novo espaço desde o dia 13 de agosto, “a adaptação tem sido difícil, porque nós saímos do oito, não foi para o 80, foi para o 800”, brinca João Reis. Mas “podemos até dizer que o mês passado, o mês de agosto, foi o nosso melhor mês de vendas de sempre”, revela, o que, “com 15 dias de casa… Deixa-nos água na boca para os meses seguintes”, confessa Paulo Reis.
O espaço foi adquirido há mais de dois anos e as obras iniciaram-se, igualmente, por essa altura. E todo o processo foi acompanhado de muito perto pelo presidente da Câmara de Azambuja, que “foi uma pessoa extraordinária neste processo, temos muito a agradecer-lhe”, sublinha João Reis, acrescentando que “o presidente da Câmara esteve sempre na primeira linha a ajudar, no momento. Foi de um apoio extraordinário”. A prová-lo, diz Paulo Reis, “estes caminhos aqui por trás, caminhos de cabras, não estavam alcatroados. Os vizinhos ficaram felizes, porque eles não tinham alcatrão”, apesar de “nós não lhes pedimos absolutamente nada, porque nós pensámos que pedir isto era uma coisa impossível”, reforça João.
É uma realidade nova e diferente. O stand é espaçoso bem como a área circundante, com um parque de estacionamento generoso. No interior, as viaturas estão arrumadas confortavelmente, existem diversas secretárias para os vendedores, uma agradável zona de espera e muita luz natural. Nas traseiras do edifício, encontram-se dezenas de viaturas já preparadas para entregar aos clientes e na cave mais algumas dezenas, ainda em preparação para entrega ou para exposição. Tudo é tratado ao pormenor.
Para além desta mudança, a Via Centro recebeu a distinção de PME Líder 2018, um selo de reputação atribuído pelo IAPMEI às empresas. Uma distinção que “representa, essencialmente, trabalho, credibilidade junto da banca”, considera Paulo Reis, “termos os pés assentes na terra e sabermos o que é que andamos a fazer e não facilitar, porque os dias são muito exigentes, os clientes são exigentes e têm razão, porque quando gastamos o nosso dinheiro gostamos de ser bem servidos e, portanto, temos de trabalhar e ser sérios. E quando dizemos uma coisa tem de ser assim, não pode ser quase assim”, completa João Reis.
Mas “é um prémio que também reconhece o nosso trabalho e que nos credibiliza junto dos clientes. São esses pequenos detalhes que fazem a diferença”, finaliza.