Apesar da oposição inicial dos vendedores ambulantes, o mercado semanal do Cartaxo mudou mesmo de lugar e já se realizou no espaço envolvente da Praça de Toiros da cidade.
Uma decisão que Paulo Jorge, porta-voz dos comerciantes descontentes, imputa unicamente à autarquia, garantindo que todos os lojistas “assinaram o abaixo-assinado. Isto foi pela Câmara, mas fê-lo pela calada, e eu acho que não é assim que se trabalha”, e que acabará por levar “à morte do Mercado”.
O presidente da Câmara Municipal, Pedro Ribeiro, explica ao Jornal de Cá que não foi exatamente isso que se passou. Segundo o autarca, “houve conversações entre a área de Empreendedorismo da Câmara e os comerciantes, na busca de encontrarmos soluções que, acima de tudo, e esse é o valor maior que nesta altura temos de defender, protegessem os comerciantes e os seus clientes. Estivemos a ver, também, a proposta que nos foi apresentada, mas para manter as condições de segurança e distanciamento a que estamos obrigados, entre bancas e comerciantes e clientes, pareceu-nos que a solução que foi avançada nesta altura é a melhor para proteger aquilo que nesta altura é o valor maior, que é a saúde pública”. Além disso, salienta o autarca, na reunião realizada na quinta-feira de manhã, dia 4 de junho, “com os comerciantes que aceitaram o repto de estar connosco, que foi uma boa parte dos comerciantes”, “não houve consenso e o desafio dos comerciantes foi que fosse a Câmara a tomar a decisão. E foi com base nesse trabalho conjunto que chegámos à conclusão que, pelo menos, durante este período de pandemia, era a solução que se afigurava como a melhor para salvaguardar estes valores da segurança e da saúde pública”.
No novo espaço, os vendedores alegam que não existem casas de banho, o que constitui, para Pedro Ribeiro, “uma falsa questão. Nós vamos entrar em obras nas casas de banho da Praça de Toiros, que já estavam programadas. Serão casas de banho públicas complementares às do Mercado. Eles estão a 15 metros das casas de banho, é só passar para o outro lado da rua, não me parece que seja uma questão central, nesta altura, o acesso às casas de banho quando é só atravessarem a rua”.
Quando recebeu a informação da pretensão da Câmara Municipal de mudar o lugar da venda ambulante, Paulo Jorge promoveu um abaixo-assinado “junto de todos os vendedores que vendem dentro da Praça, nas lojas e ao redor do Mercado e todas as pessoas assinaram. Recolhi perto de 400 a 600 assinaturas”, garante. Apesar de não saber precisar quantas assinaturas o abaixo-assinado recolheu, Pedro Ribeiro garante que “com toda a certeza que estaríamos ainda longe desse número. Mas não há abaixo-assinado que possa resolver problemas de saúde pública. Nós compreendemos as razões das pessoas, sabemos que os contextos de mudança são sempre complicados, são comerciantes que estiveram todo este tempo sem o mercado semanal para poder fazer o seu negócio, mas aquilo que nos orienta, acima de tudo, são questões de saúde pública. E sobre essas não há abaixo-assinado que possa resolver, questões sanitárias e de saúde pública”.
Uma das questões que há muito se levanta é a da limpeza do espaço, depois de levantado o mercado semanal. Um problema “grave a esse nível, que obriga a Câmara a ter um ou dois funcionários, duas ou três horas, ao sábado à tarde, a recolher ali o lixo. Sabemos das enormes dificuldades, porque há muitos carros estacionados e esse lixo fica debaixo dos veículos e nem todo consegue ser retirado, e quando os carros saem, mais ao final do dia, a rua, naquela zona, fica bastante suja, e os mesmos cuidados estamos a ter, agora, no sítio onde se encontram, que também tivemos os mesmo homens ali alocados para mitigar toda a sujidade que fica depois do mercado semanal”, nota Pedro Ribeiro. Apesar de o novo espaço parecer ter melhores condições a esse nível, “também ao nível daquilo que tem a ver com ventos, etc, passei lá e também observei que havia condições mais limpas do que é normal mas, de todo o modo, o nosso pessoal continua alocado para assegurar a limpeza e higienização do espaço”, garante.
Além desta brigada dedicada à limpeza e higienização do espaço, “tivemos o cuidado de acompanhar toda a instalação neste espaço, os nossos serviços de Empreendedorismo estiveram lá, houve o cuidado de as autoridades policiais também estarem a fiscalizar a adoção de medidas juntamente com a nossa área de Proteção Civil. Estamos a prestar todo o acompanhamento que é necessário”, assegura o autarca.
No mercado semanal de sábado, 6 de junho, apesar de os 23 lugares disponíveis terem sido atribuídos, apenas marcaram presença nove vendedores.
Não obstante, o regresso ao espaço original “não está afastado. A alteração foi motivada por questões sanitárias e, portanto, nesta altura é a solução que temos. Depois, iremos avaliar com os comerciantes, no futuro, qual será a melhor localização, se onde hoje estão ou se é regressar ao local onde estiveram no passado”, diz Pedro Ribeiro.
Outro dos lamentos dos comerciantes prendeu-se com o facto de o presidente da Câmara não os ter ouvido “por videoconferência. Acho que é um direito que nós temos, ele dar uma palavra a todos nós, porque nós pagamos os nossos impostos aqui no Cartaxo”.
Pedro Ribeiro assegura total disponibilidade para reunir com os comerciantes, acrescentando que “a Câmara estará sempre de porta aberta para avaliarmos as condições em que estão a trabalhar e com disponibilidade total para melhorar essas condições. Queremos que eles trabalhem em segurança, em boas condições. A Câmara reitera a abertura e a total disponibilidade para continuarmos a dialogar e a conversar para encontrar sempre as melhores soluções”, finaliza.