Viver com DPOC: Controlar os Sintomas e Melhorar a Qualidade de Vida

Por Sara Durães - Interna de Medicina Interna da ULT Tâmega e Sousa / Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da SPMI

Assinala-se a 20 de novembro o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, com o objetivo de aumentar a consciencialização sobre esta condição que afeta cerca de 800 mil portugueses e é a terceira causa de morte no mundo!

Trata-se de uma doença que se caracteriza por uma obstrução das vias aéreas que limita o fluxo de ar para os pulmões. O fumo do tabaco é a principal causa. Cerca de 40-50% dos fumadores irão desenvolver a doença ao longo da vida. A cessação tabágica é a medida de prevenção mais eficaz!

A tosse com expetoração branca matinal (bronquite crónica) é um dos primeiros sintomas. Sintomas como a pieira (“gatinhos”) ocorrem porque os brônquios (as “canalizações” que levam o ar aos pulmões) ficam inflamados e mais estreitos que o habitual. Ao acontecer esta broncoconstrição também se torna para o doente mais difícil remover o ar dos pulmões durante a expiração, levando a que o tórax do doente fique insuflado e causando sensação de aperto por todo o peito. Além do problema nas vias aéreas, é frequente os doentes terem enfisema, ou seja, a destruição dos alvéolos pulmonares (pequenos “sacos” existentes no final das vias aéreas), onde ocorrem as trocas de oxigénio e dióxido de carbono. À medida que a doença avança surge a falta de ar, tipicamente progressiva e para esforços cada vez menores.

Podem ocorrer episódios abruptos de agravamento dos sintomas, designados de exacerbações. Estas podem ser desencadeados por infeções respiratórias, exposição a fumos, poeiras ou poluição. A sua prevenção é importante uma vez que a recuperação após cada episódio leva tempo, havendo perda da função pulmonar frequentemente irreversível.

Os doentes com DPOC têm maior risco de serem afetados por outras condições, como as doenças cardiovasculares, seguidas da ansiedade e depressão, que têm um grande impacto na qualidade de vida.

Não existe cura para a DPOC, mas existem tratamentos com o objetivo de controlar a sua evolução, aliviar os sintomas e reduzir o risco de exacerbações. Estes passam por medicação inalada (dilata e diminui a inflamação das vias áreas), reabilitação pulmonar (programas de exercícios para melhorar a respiração e aumentar a resistência física), oxigenoterapia (em casos avançados) e vacinação.

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Existem hábitos que podem ser adotados para controlar a doença e a reduzir o impacto dos sintomas, nomeadamente:

  • O controlo da respiração: posições respiratórias e técnicas de conservação de energia e de relaxamento podem ajudar a diminuir a sensação de falta de ar.
  • A limpeza das vias respiratórias: beber muita água e realizar técnicas de tosse controlada podem ajudar na eliminação da expetoração.
  • A realização de exercício físico regular: manter a atividade física fortalece todos os músculos, incluindo os respiratórios, melhorando a autonomia e reduzindo o cansaço.
  • Manter uma alimentação saudável: tem um contributo significativo na gestão do peso e melhoria da qualidade de vida.
  • Evitar a poluição e o fumo: devem ser evitadas deslocações ao ar livre em alturas e locais de maior poluição, bem como deixar de fumar e evitar locais onde é permitido fazê-lo.
  • Consultar o médico regularmente: não deve faltar às suas consultas, mesmo que se sinta bem, devendo sempre informar o médico se sentir agravamento dos sintomas.

A DPOC pode ser limitante, mas o conhecimento sobre a doença e o autocuidado levam a caminhos de superação. Aprender a viver com a doença é uma jornada de consciencialização e resiliência, na qual a saúde respiratória se torna prioridade.

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