Situada entre o Rio da Fonte e o ribeiro de Água Travessa, em sítio antigamente ermo e fora do aglomerado populacional, situa-se a actual Capela de Nª Srª do Desterro, antiga Ermida do Espírito Santo; desconhece-se a data da sua fundação; a existência do portal manuelino, leva a que atribuam a sua edificação ao tempo do reinado de D. Manuel; o historiador Santos Simões num estudo sobre a azulejaria admite a hipótese de ter sido edificada no tempo da Rainha Santa Isabel o que faz algum sentido dada a obrigatoriedade da sua passagem por Pontével, quando se deslocava de Almoster para Alenquer, e de ter sido a Rainha Santa que introduziu em Portugal o culto do Espírito Santo. Não devemos esquecer que a actual festa em honra de Nª Srª do Desterro foi, até 1873, em honra do Divino Espírito Santo; em Alenquer ainda hoje se realizam as festas do Espírito Santo, criadas pela Rainha Santa, com características muito semelhantes às da nossa festa; por outro lado, e segundo Veríssimo Serrão, há documentos assinados por D. Dinis, aqui em Pontével. Bartolomeu Joane, um mercador e amigo de D. Dinis, também deixou um legado de 150 libras para a construção duma ponte sobre o rio de Pontével; há portanto um conjunto de elementos que mostram um certo envolvimento da corte dionisíaca em Pontével, o que não é suficiente para provar nada, mas leva-nos a pensar.
Foi reconstruída no séc XVll ,1635, por Emanuel da Silva Pinto, que foi pároco em Pontével, durante 37 anos, tendo falecido em 1/11/1671 e está sepultado na capela mor da Igreja Matriz, a quem se deve o revestimento das paredes interiores com azulejos luso-árabes, também conhecidos por mudéjar, tipo “padrão” e “tapete”.
Tinha, um coro alto, com uma balaustrada de madeira e assente sobre colunas; um púlpito, dois altares frontais: o da direita era o de Nª Srª do Desterro, e o da esquerda do Espírito Santo; o Altar Mor de rica talha doirada envolvia as belas pinturas do Mestre da Romeira, o Pentecostes, ao centro e os dois volantes, as Ascensão e a Ressurreição; estes quadros encontram-se agora recuperados e expostos no núcleo museológico da igreja Matriz.
Em 1888, retiraram-lhe o alpendre, por causa da construção da estrada Cartaxo-Aveiras de Cima; e por volta de 1960/70, porque acusava algumas ruínas, foi injustamente demolida e em seu lugar foi construída a actual capela de Nª Srª do Desterro, que apenas mantém o portal Manuelino e uma parede com alguns antigos azulejos!… Mas mesmo assim, ainda foi considerada uma das Maravilhas do Concelho do Cartaxo.
*A autora não adota o acordo ortográfico vigente.