Luís e João Major são os responsáveis pela Magnisis, uma empresa do Cartaxo que há 25 anos vem dando cartas na área da implementação de software de gestão. Com sete funcionários e em constante processo de recrutamento, a Magnisis vai reunir-se num grande evento com os clientes para celebrar a data.
Juntámos as duas ‘sabedorias’ e a vontade de vencer e de fazer algo. E as mudanças tecnológicas que se adivinhavam despertaram-nos o interesse
João Major
Corria o ano de 1993 quando os irmãos João e Luís Major decidiram fundar a Magnisis. “A empresa aparece em 92, em nome individual do meu irmão. Começámos logo a trabalhar os dois, mas só é constituída passados uns meses”, explica Luís Major.
Na altura, os dois decidiram ‘meter mãos à obra’, até porque Luís vinha da área da Informática de Gestão e João tinha acabado de regressar dos Estado Unidos da América, onde tinha feito formação em Hardware. “Juntámos as duas ‘sabedorias’ e a vontade de vencer e de fazer algo. E as mudanças tecnológicas que se adivinhavam despertaram-nos o interesse”, acrescenta João Major. Não apanharam a primeira carruagem do comboio, “mas apanhámos a segunda. Foi o ‘boom’. Nessa altura, apanhámos o mercado profissional e os particulares. Era uma outra época, outros sistemas e outras realidades”, revela, ainda. E Luís acrescenta que “eu lembro-me de passar noites inteiras para instalar, por exemplo, um servidor, de meter 40 disquetes dentro do computador, o que demorava umas boas horas. Hoje, as disquetes não existem, os CD’s para lá caminham, as pen’s também vão desaparecer muito rapidamente. Nessa altura trabalhava-se em sistemas de MS-DOS, hoje isso não existe. Passámos pela evolução toda do Windows… ou seja, toda esta evolução de sistemas operativos, e durante uma série de anos, obrigou as empresas a atualizarem os seus sistemas informáticos e toda a parte de Hardware tinha de acompanhar e isso, há dez ou 15 anos, era uma das coisas que vingava muito e que nos dava, também, algum suporte na faturação. Entretanto, o mercado muda completamente, o que nos obriga a ajustar o nosso modelo de negócio”. Por isso, “hoje, a nossa faturação baseia-se, se calhar, 80 por cento em software de gestão e serviços”, remata Luís.
A rapidez com que tudo muda em Informática obrigou a que a Magnisis se fosse ajustando, “também com muita formação e muita investigação. O mundo da Informática não passa só pela parte académica que, obviamente, dá conhecimentos, mas não chega. Estão sempre a surgir, no software de gestão, alterações legais que nos obrigam, a nós e aos produtores de software, a estarmos sempre ‘na crista da onda’ da legislação, a ajustar o software às necessidades, tanto das alterações fiscais como das empresas”, explica Luís Major.
A Magnisis dedica-se à implementação de software de gestão, e a larga experiência que tem nesta área já lhe permite, de certa forma, antecipar o que vai acontecer a seguir. “De certa forma, sim”, diz Luís Major. É por isso que há cerca de dois ou três anos a Magnisis se encontra a desenvolver um trabalho de investigação sobre o novo paradigma de armazenamento de conteúdos, a Cloud, com vista a responder às necessidades das empresas de “migrar tudo para esse espaço. Obviamente, tem prós e contras, tem de ser medida a questão dos acessos à internet e quem está a trabalhar em portas ou fora de portas, porque, infelizmente, ainda continuamos a assistir a zonas que continuam com internet deficiente e, às vezes, são caixinhas de surpresas”, revela.
A primeira fatura da Magnisis é de um cliente ainda ativo
Luís Major
Pontos de viragem
“Nós começámos com um software, em 92, 93, que depois se atrasou um bocadinho no desenvolvimento e houve um momento que nós percebemos que ou virávamos a agulha ou morríamos, e em que fomos fazer um estudo de mercado dos softwares que existiam e acabámos por apostar num software que, na altura, ninguém conhecia, mas que percebemos que podia ser o tiro certeiro, em termos de características. E foi”, conta Luís Major. Estava-se próximo do ano 2000, precisamente a altura em que o MS-DOS ficou para trás. Surgiu, então, a PHC que, “na altura, na zona, ninguém conhecia. Mas eu quis ir ver aquele software e, curiosamente, essa empresa de software obrigou-me a fazer o curso de formação, apenas para ver o software, estive uma semana em formação nessa empresa, porque não me disponibilizaram nenhuma demonstração, porque a política deles era eles próprios demonstrarem o software, não era entregar uma disquete ou um CD como os outros faziam. Não, nós tínhamos de ver o software a sério, que tinha características muito próprias. Fui a essa formação e saí de lá como parceiro PHC”, conta Luís Major.
Uma decisão da qual nunca se arrependeram, garante, porque “reconheço que foi o ponto principal, nestes anos todos, que nos faz manter até hoje, porque a PHC cresceu muito, nós também crescemos com eles, crescemos em parceria, porque eles também conseguem reconhecer certos parceiros que têm valor dentro da cadeia do universo PHC, vão ouvindo as nossas sugestões, contam connosco para fazer evoluir o produto, e hoje estamos a falar de um universo de várias gamas de software, desde a microempresa até à grande empresa, desde a área comercial, financeira, indústria, o software acompanha a vida da empresa desde o nascimento até ao seu crescimento e desenvolvimento internacional”, acrescenta.
A PHC permite “fazer o ‘fato’ à medida de cada cliente. Além disso, tem uma grande vantagem, que é conseguirmos fazer esses ajustes ao software de uma forma muito rápida, que vai-se traduzir num baixo custo para o cliente”, o que é determinante, diz, ainda, Luís Major.
Estamos continuamente à procura de técnicos, estamos numa fase de recruta para novas tecnologias
Luís Major
Para João Major, a parceria estabelecida com uma entidade financeira alemã também representa uma grande mais-valia. Esta entidade “tem soluções de financiamento para os nossos clientes, inclusive no software, que por vezes é difícil o financiamento, essa entidade tem soluções, nomeadamente, de renting, que vai desde um ano aos quatro anos. Alguns dos nossos clientes, até por questões de gestão financeira, optam por essa solução, e é muito fácil e tem tido uma aprovação e uma satisfação muito grande, por parte dos clientes”.
Futuro
Com uma clientela espalhada pelo País mas também pelo mundo, a Magnisis está no Cartaxo há 25 anos, e por cá quer continuar, apesar de “hoje em dia, a maior parte dos clientes já não são de cá, são de fora. Mas a internet permitiu-nos dar assistência, 80 por cento das assistências, se não mais, são dadas via remota. Portanto, tanto faz estar aqui como noutra zona do planeta”, considera João Major. Os clientes, quer seja no Algarve, no Minho, em Angola, Moçambique, Cabo Verde ou Espanha, têm a garantia de uma boa e rápida assistência. Até porque “a localização não nos impede de trabalhar com a carteira de clientes que temos. Tenho consciência que se estivéssemos na capital, por exemplo, teríamos outra visibilidade”, refere.
Registando uma curva de crescimento, mesmo apesar da crise, a Magnisis tem, neste momento 130 clientes ativos, alguns dos quais desde o início da empresa. “A primeira fatura da Magnisis é de um cliente ainda ativo”, relata Luís Major, com indisfarçável alegria, “e temos clientes que nascem aqui, desde o dia em que essas empresas arrancaram depositaram a sua confiança em nós e ainda continuam. Quer dizer que nós soubemos evoluir com a evolução dos clientes. O sucesso deles também é o nosso sucesso”.
Presentemente, a Magnisis tem sete funcionários, “mas à procura de mais”, mas encontrar funcionários com as qualificações necessárias não é fácil, diz Luís. “Estamos continuamente à procura de técnicos, estamos numa fase de recruta para novas tecnologias”, acrescenta.
Quando há uma relação familiar, tem de haver, tanto de um lado como de outro, o saber medir os pontos altos, os pontos baixos, a relação familiar, a relação profissional (…) A vida de uma empresa é quase como um casamento, ainda mais quando há a família metida.
João Major
Sucesso em família
João Major, 51 anos, e Luís Major, 45 anos, são irmãos e os responsáveis pela Magnisis. Luís é a ‘cara’ da empresa, “está mais ligado à área técnica, está mais em contacto com os clientes, diariamente”, diz João. É Luís quem é o responsável por criar soluções para as necessidades dos clientes. João está “mais na retaguarda, dentro de portas. Estou mais ligado à área financeira, contacto com alguns fornecedores”.
No que respeita ao relacionamento entre estes dois irmãos e empresários, “a coisa tem funcionado. Às vezes tentamos separar as coisas, outras vezes as coisas misturam-se um bocadinho. Temo-nos dado bem. Quando assim não é, fugimos um bocadinho um do outro para não brigarmos”, conta João Major, secundado pelo irmão, que salienta que “obviamente que, numa relação profissional de 25 anos, há altos e baixos. Quando uma sociedade é feita com pessoas estranhas é muito simples: quando as pessoas não se entendem, as sociedades quebram-se e cada um vai para seu lado. Quando há uma relação familiar, tem de haver, tanto de um lado como de outro, o saber medir os pontos altos, os pontos baixos, a relação familiar, a relação profissional… obviamente, tem de se ‘engolir sapos’, de um lado e doutro, porque um está bem disposto num dia e no outro está mal disposto, ou porque traz problemas de casa ou de clientes… A vida de uma empresa é quase como um casamento, ainda mais quando há a família metida”.
No dia 14 de abril, a Magnisis vai celebrar com os clientes os 25 anos de atividade, num evento marcado para o Ateneu Artístico Cartaxense. “Achámos que era importante tirar um bocadinho para falar, reunir com os nossos clientes, porque no dia-a-dia é tudo a correr”, explica João, ao mesmo tempo que diz que “os nossos clientes acabam por ser os nossos amigos e família, porque estão connosco há muito tempo, e o tempo passa a correr e apercebemo-nos que já merecíamos, nós e eles, juntarmo-nos, confraternizarmos e humanizar a relação”.