Não criem intriga política, vamos mas é ao trabalho
"Não queiram criar intriga política, desviando-nos das ideias e criando inimigos entre as pessoas. Parem de tentar reconstruir o passado, que eu nem sequer vivi porque ainda estava na escola. Falemos de projetos e de construir o futuro". Por Ricardo Magalhães
No dia em que fui eleito deputado municipal, com 24 anos de idade, sabia que ou seria para fazer a diferença e mudar aquilo que criticamos no país, ou mais valia investir esse tempo e energia em criar uma empresa ou trabalhar no estrangeiro (em simultâneo ou depois de acabar o doutoramento). Venceu a veia democrata e nacionalista, que acredita que estamos a afastar todos os nossos melhores jovens da política e que com isso estamos a criar um país mais pobre, atrasado e sem futuro.
É preciso fazer o oposto e lancei a mim mesmo o desafio de o conseguir fazer. E por isso defini 3 objetivos primordiais a alcançar durante este mandato: 1) Dignificar a política e a democracia, particularmente junto dos jovens, 2) Promover o envolvimento da população junto dos órgãos de decisão e 3) Definir um projeto e uma visão de futuro transpartidária para o Cartaxo. E este ano, na primeira vez que li uma declaração de voto enquanto Presidente do Partido Socialista do Cartaxo, permaneci leal a esses valores.
Para quem quiser ouvir a minha declaração, está lá tudo. O incentivo a envolver os jovens na política, como forma de com eles construir o futuro que ambicionamos e fomentar que permaneçam nos seus territórios de origem. O apelo à construção de um orçamento em comunidade, junto da população, sociedade civil e agentes económicos e fora da bolha dos gabinetes políticos da Câmara Municipal. E a importância de que o futuro se construa com verdadeira visão, um projeto transpartidário capaz de extrair todo o potencial das nossas gentes, do nosso território e do nosso país.
Não se trata de criticar por criticar, trata-se de ser exigente e apontar soluções claras. Só assim podemos lá chegar. O executivo da Câmara faz a sua legítima propaganda, mas quem está atento sabe que há muito por fazer. Pior, sabe que o foco de quem nos dirige está em proteger a sua imagem com revisionismos do passado e não em construir o futuro. Quem conduz a olhar para o retrovisor, mais tarde ou mais cedo vai bater. E, pior que tudo isso, é que o tempo que gastam com partidarismos, não investem a envolver a população na participação política nem em fazer verdadeiramente a diferença. Há até uma tentativa de intimidação da oposição, havendo partidos que até já pedem desculpa quando fazem o seu trabalho de escrutínio.
Como não acredito em nada disto, como acredito exatamente no seu oposto, não me posso calar. Tenho que apontar aquilo que está à vista de todos, mas que quando ninguém o aponta é normalizado ou apagado. Foi isto que defendi com esta declaração de voto: valores, democracia, ambição e futuro. Mais uma vez, está tudo gravado e disponível no Youtube. É só assistirem.
Falei até agora dos valores mais importantes do meu discurso. Mas tentam reduzi-lo a 10 segundos. 10 segundos em que apontava precisamente ao ponto mais obsceno deste Orçamento: o investimento com fundos próprios na cidade do Cartaxo é 25 vezes superior à média das restantes freguesias do concelho. Significa isto, que um investimento feito em 4 anos na cidade do Cartaxo demoraria mais de 100 anos a ser introduzido em todas as outras freguesias. Isto é absolutamente desproporcional e indigno entre munícipes.
Sim, referi que o Presidente da Junta do Cartaxo e Vale da Pinta, a quem minutos antes o Presidente da Câmara agradeceu pelo seu apoio na elaboração do Orçamento, enfrentava um conflito de interesses. Como Presidente da Junta tem que defender a sua União de Freguesias, como Adjunto do Presidente da Câmara tem que defender todo o concelho, por vezes com interesses opostos. Critiquei a incompatibilidade de funções, não a pessoa.
Não queiram criar intriga política, desviando-nos das ideias e criando inimigos entre as pessoas. Parem de tentar reconstruir o passado, que eu nem sequer vivi porque ainda estava na escola. Falemos de projetos e de construir o futuro. Entrei na política por valores e com um espírito de missão. No dia em que já não os tiver, também rapidamente dela saio. Tenho uma vida bem mais interessante a construir longe de quaisquer tachos e tachinhos que acreditem que me possam pôr à frente. Mas até lá sei que podemos mudar o Cartaxo, sei que podemos mudar o país.