Pais indignados querem ser ouvidos e acusam queixosa de “irresponsabilidade e maldade”
Há cerca de um mês Silvia Martins denunciou que a filha de quatro anos tinha alegadamente ingerido detergente com lixivia durante o período em que se encontrava no Colégio Pergaminho Mágico, no Cartaxo, e que as instalações não estão em condições e que há maus tratos. Agora os pais contactaram o Jornal de Cá porque não aceitam estas acusações, quem ser ouvidos e mostrar a sua confiança no Colégio. Entretanto foram efetuadas várias inspeções e averiguações por parte das entidades competentes.
A pedido dos pais das crianças que frequentam o Colégio Pergaminho Mágico fomos ao seu encontro porque estão indignados com as acusações contra o Colégio tornadas públicas por Sílvia Martins, uma mãe que tinha uma menina de quatro anos a frequentar o Colégio, e por isso, quiseram ser ouvidos. Conseguiram estar presentes 13, alguns já estão de férias, e disseram-nos que não conseguem “compreender as motivações desta mãe” e estão mesmo revoltados com a situação, dizem que estão a “denegrir o nome de uma instituição e a imagem do colégio”, que se trata “de maldade” que se estão a “questionar os nossos valores” enquanto pais. Alguns têm os filhos na instituição desde que ela abriu portas em 2014 e gostam de ali ter os filhos, tanto assim é que, há pais que têm mais do que um filho a frequentar o Colégio e em dez anos nunca tiveram razões de queixa. “Tive aqui o meu primeiro filho e voltei a pôr o meu segundo. Sempre estiveram bem. Acho que foram sempre bem tratados. E é como se fosse uma família”.
Mas o que está mesmo a causar revolta em alguns pais são “as acusações e as considerações” que aquela mãe veio fazer relativamente à sua escolha de ali manter os filhos e à sua atuação enquanto pais, “enquanto pais, atenção, não enquanto instituição, é de salvaguardar isto, porque nos sentimos também lesados, porque a dita senhora em questão fala no jornal – coitados daqueles pais, não têm onde deixar os filhos, coitados. Eu como mãe não lhe admito que se dirija à minha pessoa nesses termos, porque se eu não tivesse intenções de ter aqui a minha filha, não a teria. Portanto, eu nunca irei admitir, nem a essa senhora nem a ninguém, que ponha em causa as minhas escolhas”, faz questão de dizer Marta Gonçalves que já teve o filho mais velho no Colégio, um “dos primeiros a vir para cá” e agora a filha mais nova “está nesta escola desde os 9 meses”.
Luís Domingos, também tem o filho a frequentar o Colégio, afirma que quiseram marcar presença neste encontro com o Jornal de Cá “primeiro, para transmitir a nossa confiança, até à data, não temos nada a apontar. Assim como gostamos de ver as coisas clarificadas e, também para dar o nosso apoio, até à data não houve ainda nada, muito pelo contrário, que nos fizesse duvidar da Zulmira Simão [diretora do Colégio Pergaminho Mágico], da palavra da Zulmira e das pessoas do colégio. Por isso, achámos que deveríamos estar aqui”.
“Nós também estamos muito satisfeitos com o Colégio! O nosso filho já está há dois anos aqui e esperamos que aqui continue. E, de facto, também ficámos admiradíssimos com isto, porque isto foi uma tamanha irresponsabilidade e maldade desta senhora”, salienta João Pedro Barroca. Este pai conta que nos dias a seguir às denúncias foi abordado por diversos amigos a questionar se tinham o filho naquele Colégio.
“Quem quer fazer este tipo de coisa não vai fazer uma publicação no Facebook. É uma irresponsabilidade e não tem credibilidade nenhuma ao fazer isso, não é? E depois, ao fim ao cabo, ainda passa aqui quase um atestado de negligência a todos os pais. As pessoas têm aqui as crianças. Ela acaba por criar aqui uma situação muito negativa para todos os pais e, no limite, para todas as crianças, não é? Criou aqui uma situação difamatória e continua a criar aqui problemas ao colégio que, efetivamente, está a fazer o seu caminho e a resolver esses problemas. É uma irresponsabilidade, isto é uma infantilidade. Não tem qualificação. Somos todos negligentes, menos a senhora?”, sublinha João Pedro Barroca.
“Daí esta revolta toda, não é? Só nos queremos defender e mostrar lá para fora que as coisas não são assim”, destaca uma mãe.
“Não reconheço no colégio tudo o que aquela mãe diz”, começa por dizer Elisabete Oliva, que quis mostrar uma “insatisfação plena com as questões que são agora levantadas, não faz o mínimo de sentido, a única coisa que posso dizer é que as minhas filhas foram sempre muito bem tratadas, as duas mais novas andam aqui desde o berçário e realmente não consigo perceber a não ser que as pessoas são dotadas de uma maldade intrínseca que faz com que queiram estragar o negócio de uma pessoa”, lamenta esta mãe.
Para estes pais há aqui várias versões dos acontecimentos, e não aceitam ser chamados de “mentirosos”, alguns acham que esta mãe se “precipitou” e que “depois não quis voltar atrás” e “não mostrou relatórios médicos que provassem que a criança tenha ingerido lixivia ou detergente”.
Zulmira Simão conta-nos que, nessa terça-feira dia 4 de junho, estava calor e uma educadora tinha trazido uma garrafa, que tem uma ventoinha, para encher com água e depois borrifa-se para refrescar. Todos acharam muita graça à garrafa e também borrifaram as crianças, revela ainda que, nessa semana, estavam a celebrar o Dia da Criança, que tinha sido no sábado, com algumas atividades ao ar livre e com jogos tradicionais. Nesse dia houve brincadeiras com farinha, num dos jogos, as crianças punham a cara na farinha e na água e no final a educadora limpava-lhes a cara. A diretora do Colégio Pergaminho Mágico, revela ainda que esteve o dia quase todo a acompanhar estas atividades, ausentou-se pouco mais de uma hora para ir buscar os meninos do ATL, e que o dia correu com toda a normalidade. Confirma o registo das chamadas não atendidas de Sílvia Martins, diz que não atendeu porque “estava a fazer uma caminhada e não tinha levado o telefone comigo”, e que “a menina saiu daqui por volta das seis e meia da tarde, em que esteve bem, a brincar, o dia inteiro, tudo normal, até mandei uma fotografia das atividades em que a menina esteve sempre bem-disposta”.
“Perguntei à minha filha se ela sabe o que é detergente. Ela disse. – Não, mãe, tu não estás a entender. É farinha. Eu disse. Não, calma. Então, a farinha não é detergente. Sabes o que é que é detergente? Ela disse. Não, mãe, não foi isso. Eu disse. Então, o que é que vocês fizeram? Estivemos a brincar com farinha e comemos um rebuçado amarelo”, conta Anastasiya Fomichova.
“No meu caso, a minha filha tem cinco anos, vai fazer seis, está na sala da menina que supostamente está a acontecer isto, eu questionei a minha filha se realmente teria acontecido, porque veio logo a notícia ao lume, e ela disse-me prontamente que não, que ela não tinha vomitado na sala e que não tinha ingerido nada”, conta Susana Machado. Esta mãe considera que “é normal uma criança chegar a casa e vomitar, todos os pais podem confirmar isso” e, acrescenta que, uns dias antes “a Zulmira enviou um comunicado para a nossa plataforma a dizer que havia meninos que estavam a começar a vomitar e há pais que podem sustentar isso, pelos filhos e por nós próprios, que também passaram o mesmo”. Zulmira Simão confirma que estavam a reportar casos de viroses e gastroenterites.
Entretanto, os pais pediram uma reunião com o presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor, para relatarem o acontecido e pedir ajuda pois não querem que o Colégio encerre, dizem que foram muito bem recebidos e que vieram de lá com “esperança”, e dizem estar “comprometidos em ajudar a que se resolva toda esta situação”. O Colégio Pergaminho Mágico é frequentado por cerca de 60 crianças, nesta reunião estiveram cerca de 30 pais.
Sílvia Martins, contactou o Jornal de Cá, na quarta-feira, dia 5 de junho, para saber qual o email para reportar uma denúncia. Na quinta-feira, dia 6 de junho, no seu relato conta que foi buscar a filha de quatro anos ao Colégio e que pouco depois a menina queixou-se com dores de barriga, “perguntei à minha bebé de 4 anos o que tinha lanchado ao que me responde que – mãe doí-me a barriga por causa do detergente -, fiquei atónita e fiz algumas perguntas e explicou-me dentro do que é possível uma criança de 4 anos relatar, disse que estava no refeitório com uma amiga a terminar de lanchar e que a Sónia (auxiliar) estava a limpar a mesa e que pegou no detergente amarelo e bebeu”, e conta que seguiu para a “CUF do Parque das Nações” e que “após observação da médica não havia queimaduras ao redor da boca nem outras lesões graves”, e refere ainda que ligou para a diretora do Colégio 17 vezes e reitera que “só tive conhecimento que a minha filha de 4 anos tinha vomitado na escola porque a mesma me disse, bem como a ingestão de ‘power gel lixívia’ foi relatada pela mesma”.
“Saliento também que este colégio para além de ter algumas salas de forma ilegal tem tido nos últimos meses algumas situações de carácter grave e preocupante como falta de comida na hora das refeições, não existir qualquer segurança nas salas de aula, turmas numerosas sem professora e auxiliar muitas das vezes está apenas uma auxiliar com 22 crianças + uma criança autista, chove dentro das salas de aula, comida descongelada e sem conformidade dada às crianças e o mais grave agressividades desde puxões de braços, chapadas fora todo o desconhecido que enquanto pais não sabemos!”, acrescenta Sílvia Martins.
Respondemos com algumas questões na terça-feira, dia 11 de junho: Quais as suas intenções com esta denúncia? Tem provas médicas de que a sua filha ingeriu substâncias perigosas quando estava no Colégio Pergaminho Mágico? Tem provas médicas de alguma lesão causada? Durante quanto tempo a sua filha esteve no colégio? Retirou-a do Colégio depois do episódio que relatou? Conseguiu falar com a diretora sobre o que se passou?
Sílvia Martins respondeu: “pela vossa demora ao que concerne a este caso em concreto, acabei por recorrer a outros meios que efetivamente atuaram com uma maior brevidade!”.