Por Jorge Nogueira
Gosto de histórias com finais felizes. É por isso que gosto de pessoas que dão a volta por cima, depois de serem confrontadas com situações terríveis. Gosto de empresas ou instituições que, depois de caírem no charco, conseguem encontrar uma nova energia para se levantar. Gosto de recomeços, de retornos, de “vamos-lá-aproveitar-esta-nova-oportunidade”. Gosto de “comebacks”, de “remontadas”… E gosto muito de histórias de regressados que vencem, porque compreendo bem o esforço que tiveram que fazer para retornarem à ribalta. É, muitas vezes, um esforço incompreendido pela maior parte dos envolvidos nos processos. É sempre um processo de fractura, que provoca múltiplas rupturas.
Se olharmos mais de perto para todas as situações de sucesso, após a desgraça, que conhecemos, sejam individuais ou colectivas, encontramos sempre um momento em que foi preciso cortar, de forma radical, com tudo aquilo que provocou a queda. É preciso conhecimento, serenidade, bom senso e pragmatismo para que o essencial sobressaia e a sustentabilidade seja alcançada.
A favor do bem futuro é preciso muitas vezes provocar mal-estar no presente. Adequar o que gastamos ao que recebemos. Fazermos o essencial e deixarmos de lado o acessório. Dois passos atrás, para dar um em frente, é uma estratégia tão antiga quanto o instinto de sobrevivência do animal que somos.
Como gosto de “remontadas”, “comebacks” e recomeços com finais felizes gostava muito que a comunidade a que pertenço percebesse o que tem que fazer para dar a volta por cima. O Cartaxo tem futuro. O futuro não nos vai abandonar. A qualidade dessa vida futura é que poderá ser muito questionável. Penso que o Cartaxo só terá sucesso, no futuro, se conseguir dar dois passos atrás em tudo… é certo que, nesse ganhar balanço, vamos todos perder ainda mais coisas. Mas antes perder agora do que esperar que a repetição de alguns erros dê um novo resultado no futuro. Eu acredito que os cartaxeiros vão encontrar o caminho…