Opinião de Ricardo Magalhães
Reuniu-se no dia 29 de dezembro a Assembleia Municipal do Cartaxo para, entre outros assuntos, discutir o Orçamento Municipal para o ano de 2022, o primeiro do novo executivo PSD. A expectativa da população era muita, dada a inaudita eleição deste corpo diretivo e aquilo que o mesmo foi prometendo ao longo da campanha eleitoral.
Começar por realçar a postura do Partido Socialista em todo o processo de construção do Orçamento. Desde cedo, os representantes do PS nos órgãos de decisão manifestaram que pretendem ser parceiros do atual executivo, legitimamente eleito. A seu ver, mesmo estando na oposição, têm o dever enquanto eleitos de trabalhar em conjunto com a nova direção em prol da qualidade de vida da população e do desenvolvimento do concelho. Aliás, em tempo oportuno, o Partido Socialista fez chegar ao novo executivo uma série de propostas construtivas que apontavam à criação de condições para a redução do IMI, redução de gastos operacionais, recuperação de estradas, apoios às famílias, alavancadas num projeto de atração de empresas e investimento para o concelho.
Foi por isso com surpresa e desilusão que os cartaxeiros lhes viram ser apresentado pelo PSD um orçamento para o ano de 2022 que não cumpre sequer com a regra do equilíbrio orçamental (défice de 461.000€). Isto apesar do aumento na cobrança de impostos diretos. É um orçamento que se propõe a fazer muito menos investimento, ao mesmo tempo que aponta a um aumento brutal em despesas com o pessoal e na aquisição de bens e serviços. Tudo isto representa um retrocesso no trabalho que vem sendo feito por todos ao longo dos últimos anos.
Pior que isso é constatar que a TOS proposta neste orçamento é a mesma taxa exorbitante que tantos problemas criou às famílias no início do último ano e que o executivo do Partido Socialista havia conseguido negociar para valores quase 5 vezes inferiores. É constatar a inexistência de qualquer estímulo à economia local, assim como de apoios às famílias, empresas e coletividades. É constatar a inexistência de qualquer estratégia de atração de empresas, investimento e criação de postos de trabalho no nosso concelho.
Este orçamento foi uma oportunidade perdida. Um mero exercício contabilístico, sem um projeto para o futuro, para o qual a população olha com preocupação e incerteza. Como cartaxeiro espero e quero acreditar que tudo não tenha passado de um passo em falso, um tiro ao lado de um executivo inexperiente. Esteve bem o PS ao abster-se e mantendo-se totalmente disponível para colaborar em todo e qualquer projeto de, para e pelo Cartaxo. Um benefício da dúvida justo e responsável, conhecedor da realidade e desafios da governação.
*Artigo publicado na edição de janeiro do Jornal de Cá.