Ainda não está encontrada uma solução para as crianças que ficaram sem ATL em Pontével e que não dispõem de transporte para se deslocarem para Vila Chã de Ourique, onde foram acolhidas.
Segundo o presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, “a maioria dos pais [que tinham os filhos no CATL de Pontével, que fechou portas este ano] encontrou solução para estas crianças, ficaram nove crianças sem solução e, destas, cinco ou seis são de famílias carenciadas, onde comprovadamente não têm possibilidade económica para colocar estas crianças noutra freguesia”. Pedro Ribeiro diz que esta é uma questão que está a ser trabalhada, no sentido de encontrar “uma solução dentro da organização da nossa rede de transporte escolar, a ver se conseguimos arranjar transporte que faça o percurso entre Pontével e Vila Chã de Ourique”, que “até à data ainda não foi possível, mas nós não desistimos de encontrar uma solução”, frisa.
Esta foi a resposta que Pedro Ribeiro deu, na reunião de Câmara de 6 de outubro, ao vereador da oposição Jorge Gaspar, que acusou Pedro Ribeiro de estar “a entreter os pais, durante um mês, precisamente, à espera que a assembleia de freguesia Pontével realizasse a sua reunião para depois o PS fazer o número político que fez, que mais não foi do que entalar o presidente Jorge Pisca”. No seguimento destas declarações, o vereador eleito pela coligação Juntos pela Mudança (PSD/NC) quis saber se “a circunstância de um outro órgão autárquico ter aprovado uma moção, nos termos em que aprovou, faz com que a Câmara Municipal já não vá trabalhar para assegurar o transporte destas crianças para Vila Chã de Ourique”, tal como, reforçou Jorge Gaspar, o presidente da Câmara havia dito, “há umas reuniões de câmara atrás, que estava a trabalhar para assegurar o transporte das crianças para o ATL de Vila Chã de Ourique”.
Para além de frisar que “o compromisso do executivo municipal, desde a primeira hora, tem sido no sentido de encontrar uma solução”, Pedro Ribeiro diz que “isso não retira nenhuma legitimidade a que os eleitos de uma assembleia de freguesia, usando a sua autonomia, façam uma proposta para resolver um problema concreto de várias famílias com os recursos que uma junta de freguesia tem”. E, trazendo a lume as tomadas de posição políticas, através de comunicados (do PS e do PSD), sobre a aprovação da moção do PS em assembleia de freguesia, no sentido de ser a Junta de Freguesia de Pontével a assegurar o transporte das crianças, Pedro Ribeiro lembra que foi “o eleito do PSD e o eleito do MIP que com a sua abstenção viabilizaram esta proposta – se achassem que ela era irrealista tinham votado contra”.
Para além disso, o presidente da Câmara diz que viu “com agrado que os eleitos do PS viabilizaram uma solução para esta questão: hoje tenho mais um parceiro para encontrar esta solução que é a Junta de Freguesia, que até aqui não era parceiro para nada, a não ser transferir todas as responsabilidades da solução para a Câmara Municipal, como é apanágio deste presidente de junta”, acusa.
Depois destas declarações de Pedro Ribeiro, na passada reunião do executivo camarário que decorreu por videoconferência, o Jornal de Cá confrontou o presidente da Junta de Pontével, ao que Jorge Pisca responde que este problema sempre foi uma preocupação do executivo da Junta, desde o início, lamentando que a Junta não tenha sido chamada a estar presente na reunião que o município do Cartaxo realizou com representantes dos pais e IPSS do concelho.
O presidente da Junta de Pontével garante que já tentou falar com o presidente da Câmara, mas sem sucesso, mostrando-se disponível para trabalhar este assunto em conjunto, dando como alternativa o alargamento do horário no Centro Escolar de Pontével, de modo a que estas crianças possam ficar na freguesia, antes e após o horário das aulas.
Quanto à possibilidade de a Junta de Freguesia fazer o transporte das crianças, Jorge Pisca diz, como já havia afirmado antes, não ter essa capacidade. A carrinha da Junta de Pontével, que já fez o transporte de crianças dos Casais dos Lagartos, quando fechou a escola, está parada, depois de sofrer um acidente, necessita de um arranjo de cinco ou seis mil euros, que segundo o presidente da Junta não se justifica porque se encontra em fim de vida, “já está a caminho dos 13 anos”.