“Ser adolescente é complicado”

Maria Luís Pita, 15 anos, estuda na Escola Secundária do Cartaxo e acaba de lançar o seu primeiro livro. “Um anjo caído do céu” é um romance, baseado na amizade e no perdão, na adolescência e nas suas “complicações”, diz-nos a jovem escritora, para quem “escrever é a melhor sensação do mundo”

És muito nova, tens 15 anos… Como e quanto te começaste a interessar pela escrita?
Bem, eu gosto de dizer que escrevo desde o dia em que os meus pais tiveram a brilhante ideia de me pôr uma caneta nas mãos, até porque esteve sempre lá. Quando vinha da escola primária, ficava horas e horas a escrever e a fazer desenhos numa agenda da minha avó, que por acaso, ainda tenho. E, à medida que fui crescendo, comecei a escrever cada vez mais e com cada vez mais consciência do que estava a fazer. As minhas brincadeiras tornaram-se histórias. Os meus (muitos) amigos imaginários tornaram-se personagens. É difícil explicar. Só sei que sempre fez parte de mim.

O que mais te encanta na escrita?
A mesma coisa que me encanta na leitura. Quando temos um livro à frente, a nossa mente viaja, somos transportados para mundos, por vezes, completamente diferentes do nosso. Na escrita é igual. Quando escrevo, sinto que tudo à minha volta desaparece. Posso ir para onde quiser, fazer o que quiser, ser quem quiser. É a melhor sensação do mundo!

E este primeiro livro, como aconteceu? Tens agora 15 anos, mas já o escreveste há mais tempo.
Sim, é verdade. “Um anjo caído do Céu” é bem mais antigo do que parece. Comecei a escrever esta história quando tinha cerca de 13 anos, no bloco de notas do meu primeiro telemóvel. Nessa altura, andava nas aulas de música da SFIP, de onde surgiu a inspiração, por exemplo, para fazer as aulas de música do Sr. Fernando.

Mas, claro, trazer esta história para a realidade é algo que eu jamais poderia ter feito sozinha. Enquanto estava a escrevê-la, pude contar com o apoio da professora Cláudia Pinto, de português, e da professora Maria José Magalhães, de história. Foram elas quem me mostraram que, sim, eu conseguia escrever e que a história que estava a escrever não era assim tão parva como eu pensava.

Quando a minha mãe descobriu o que eu andava a fazer na idade do armário, recebemos ainda mais apoio pelo qual estou eternamente grata. A ideia original foi fazer apenas um único exemplar, que me seria entregue como prenda de aniversário, mas a minha mãe gostou tanto da história que decidiu enviá-la para duas editoras. De uma delas nunca obtivemos resposta, mas a outra, a Chiado Books, mostrou interesse em publicar o que tinha escrito. Eu nunca soube de nada. Só soube de tudo quando fiz 14 anos e, depois, chegou a pandemia…

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Mas em vez de desanimar, eu decidi reescrever a história, não só para reparar alguns erros no enredo, mas também para enriquecer os personagens e melhorar a escrita. Na verdade, o “Um anjo caído céu”, que apresentei no dia 8 de dezembro, é uma reescrição daquilo que eu andava a escrever com 13 anos e que ainda está guardado nos confins do computador.

De que fala este livro e no que te inspiraste para o escrever?
“Um anjo caído do Céu”, além de um romance, é também uma história sobre amizade e o perdão, não só em relação aos outros como também em relação a nós mesmos. Por exemplo, algo que tenho a certeza que vai dividir as reações do público é o par romântico da protagonista que, convenhamos, não é nenhum príncipe encantando. E, ao longo destes dois anos, eu pensei em mudá-lo muitas vezes. No entanto, aquilo que eu gosto mais nele é a maneira como, spoiler, ele vai tomando consciência dos seus atos e vai-se arrependendo das suas más ações, não só em relação à Ângela, mas em relação a todos aqueles que ele magoou com o seu charme. E eu, pessoalmente, creio que quando as pessoas se arrependem, verdadeiramente, elas merecem uma segunda oportunidade. Deve dar-se uma segunda oportunidade. É aí que entra a parte do perdão.

Quanto à inspiração… Acho que bastou olhar para uma escola ou então para as muitas séries e livros que se passam em ambientes escolares e que, à semelhança de “Um anjo caído do céu”, baseia-se na realidade escolar. Ser adolescente é complicado e o mundo da adolescência está cheio de… complicações: as paixões, o bullying, a popularidade e o “sermos nós mesmos” são apenas algumas delas.

E qual a sensação de teres agora o teu livro nas mãos dos leitores?
É inacreditável. É a realização de um verdadeiro sonho. Só espero que as pessoas gostem tanto desta história como eu.

Queres ser escritora ou tens outras ambições?
Não quero parar de escrever, mas tenho outras ambições profissionais, até porque, apesar da minha grande paixão, não é a escrita que me vai dar um teto. Gostava de acabar o secundário com uma boa média e de ir para a universidade, mas não sei exatamente que curso quero escolher, nem o emprego que quero ter… Talvez qualquer coisa relacionada com a leitura…

Onde é que as pessoas podem encontrar este teu livro à venda?
“Um anjo caído do Céu” pode ser encomendado através do link que está na página oficial da história no Facebook e na página do Instagram.

Isuvol
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