Aos 69 anos, António José Portela continua a ser um homem da música, tal como quando, na adolescência, comprou um gira-discos a pilhas às escondidas do pai. Hoje, aposentado, é nas ondas hertzianas que se sente bem, mas também a promover espetáculos ou rodeado de milhares de discos de vinil na sua casa, em Vale da Pinta
É um homem da música, mais que um homem da rádio. As Canções do Zeca, a Gala Pop Rock… como é que surgem estes espetáculos?
A ideia surge já há uns anos, porque quando eu estava em Lisboa – eu estive perto de 40 anos em Lisboa –, já estava ligado às rádios. Mas o interesse nos espetáculos parte, precisamente, de eu fazer os bailes dos santos populares em Lisboa. E quando entrei para a rádio também fazia espetáculos para os ouvintes. A vinda para o Cartaxo fortalece-me, com as Noites de Verão, primeiro, com o Conde Rodrigues. Quando faço o primeiro espetáculo no Cartaxo é com o António Oliveira e o César Pires, fizemos uma Evocação ao Zeca Afonso, ainda não havia título, mais tarde é que surgiu o Cantigas do Zeca. E foi nesta Evocação que veio, pela primeira vez, ao Cartaxo, o João Afonso, sobrinho do Zeca. E é a partir daí que nasce o interesse.
E as galas Pop Rock?
O Pop Rock é uma coisa que vem da nascença, é uma coisa que eu sinto com uma intensidade terrível… Eu lembro-me de ir ver o filme “Canção da Saudade”, de Vítor Gomes e os Gatos Negros, 14 vezes ao Eden! Ia à sessão da tarde, ia à sessão da noite… Eu lembro-me, também, de ver o Conjunto Mistério – eles atuavam com umas máscaras, tipo Zorro – na Graça, no Cine-Teatro Royal. Lembro-me que havia um filme, Summer Holidays, do Cliff Richard, e quando era o intervalo havia a atuação de uma banda, um conjunto, naquela altura.
Mas isso em Lisboa. Por aquilo que sabemos, já aqui no Cartaxo tinha bastante ligação à música.
Nos Anos 60 organizavam-se muitas matinés, e eu era o número 1, porque eu tinha todas as novidades que chegavam dos Estados Unidos ou da Inglaterra. E tinha um gira-discos a pilhas, que nos permitia fazer matinés mesmo em lugares em que não havia eletricidade, e que eu transportava para vários lados. Eu era sempre o homem que dava a música, tentando trazer, também, os últimos êxitos dos Bee Gees, dos Stones, dos Beatles…
Leia a entrevista na integra na edição impressa do Jornal de Cá de junho, nas bancas do concelho do Cartaxo