Maria Rufina de Mesquita – Uma dama enfermeira na 1ª Guerra Mundial

Por Rogério Coito, historiador

Ao assinalar-se o centenário da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) veio a destaque a acção de algumas damas que foram para a guerra sem armas e assistiram a uma das maiores tragédias que a humanidade sofreu nessas segundas décadas do século XX. São conhecidas pelas “damas enfermeiras”, mulheres que deixaram o conforto de suas casas no seu país e foram para França ajudar a prestar cuidados de assistência aos enfermos e com o seu exemplo deram origem a que depois fossem criadas escolas de enfermagem em Lisboa e no Porto.

A filha do presidente da República Bernardino Machado, Maria Francisca Machado participou no projecto Mas também outras damas, entre as quais, Maria Rufina de Mesquita esposa do dramaturgo Marcelino Mesquita, como deu conta a “Ilustração Portuguesa”, que a descreve em França no hospital de Biarritz, onde até os hotéis foram transformados em hospitais para atender tão grande número de feridos e estropiados, vindos das trincheiras onde ela era encarregue de receber os feridos no período da convalescença, dado o pouco pessoal médico e auxiliar que então existia.

Os feridos e as suas enfermeiras Maria Rufina de Mesquita e Margarida dos Santos Silva, ao serviço da França em Biarritz, segundo a revista “Ilustração Portuguesa” de 1914.

Maria Rufina e Marcelino Mesquita casaram por volta de 1885. Desse casamento pouco há a registar como nos descreve o professor António Filipe Rato na sua tese de Mestrado, baseado numas cartas encontradas por Zelinda Pêgo, a não ser “ter sido breve e atribulado,” pesando o facto de não ter sido dissolvido pois constava na lei portuguesa a proibição do divórcio. O desgosto pela perda de uma filha de tenra idade reacendeu em Marcelino uma nova paixão por uma jovem, visita de casa de nome Alexandrina Alves Ferreira, carinhosamente tratada por Baby. Escreve cartas e bilhetes apaixonados quase todos os dias tratando a esposa por M. o que levou a uma crise conjugal e a um afastamento progressivo. No final de 1889, os acontecimentos precipitam-se. Alexandrina está grávida e Marcelino pretende arranjar uma solução casando-a com um primo de Abrantes. Ela prefere ir para a África. Por fim dá à luz a Inês (tratada por Tininha), a única filha de Marcelino, que veio a viver na Quinta da Ribeira em Pontével, amparada pelo tio António e que nos registos de paternidade aparece como filha de pai incógnito. Em 1914 no início da guerra Maria Rufina, de nome completo Maria Rufina Teixeira Marques de Mesquita está em França, constando sempre nos registos casada com o escritor Marcelino Mesquita.

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