Por Sónia Parente
O medo é um sentimento recorrente em filhos e pais. Sentimento comum a todos os seres humanos das várias faixas etárias, o medo protege-nos de perigos reais. No entanto, quando é desproporcional pode limitar em várias áreas da vida. Diferente de pessoa para pessoa, ele é criado pelas nossas mentes a partir de expectativas criadas pela imaginação ou resultante de más experiências, o organismo dá sinais de perigo e a tendência é evitar o que gera essas sensações.
Podem dar-se nomes diferentes ao medo: receio, ansiedade, preocupação, angustia… e existe em diferentes intensidades, desde a insegurança até à fobia.
Medo de que aconteça o quê? Devemos obter informações reais, acerca do que faz sentir medo, que possam substituir as ideias fantasiosas de perigo que a mente construiu e que ajudam a perceber que esse “monstro” só existe na imaginação.
Se a crença que alimenta o medo não for modificada pode tornar-se incapacitante, tornando as rotinas pessoais ou sociais comprometidas. Quanto mais o evitamos, maior ele se tornará, pois temos tendência a recriá-lo na nossa mente de uma forma cada vez mais assustadora.
Tanto nas crianças como nos adultos, a forma de ultrapassar os medos é enfrentando-os e nunca evitando-os. Quando os adultos com uma atitude naturalmente protetora em relação às crianças, afastam as crianças do que lhes provoca medo, somente o estão a aumentar pois alimentam a ideia de que é impossível enfrentá-lo.
Uma característica típica do medo é tornarmo-nos super atentos, em estado de alerta a tudo o que está à nossa volta e que reforça a crença que temos, justificações muitas vezes irracionais. A mente mente-nos, iludindo-nos de que o perigo está iminente de uma forma desproporcional ao perigo real, e evitar é a única solução possível.
Como vencer o medo? Em qualquer idade, o primeiro passo é reconhecer o sentimento, permitir-se a senti-lo sem vergonha, e perceber que aquele medo não faz parte da sua maneira de ser, mas sim de uma dificuldade que pode ser ultrapassada. A exposição ao medo deve ser feita de uma forma gradual, começando pela forma que se sente mais seguro de experimentar e passar sucessivamente para patamares superiores, sem desistir até que o consiga enfrentar.
Sónia Parente é psicóloga clínica