Sport Lisboa e Cartaxo dispensa atletas porque chegou “ao limite do Clube”
O Sport Lisboa e Cartaxo diz que chegou “ao limite do Clube”, que não tem espaço para mais iniciados, por isso, dispensou alguns atletas. Os pais não gostaram e criticam a forma como o Clube agiu e sublinham que com esta denúncia o que querem é “que não se repita”.
Com cerca de um mês decorrido desde do início da época desportiva a direção do Sport Lisboa e Cartaxo (SLC) reuniu os pais, no dia 23 de setembro, para dar a notícia que o SLC tinha recebido um prémio por ser um dos Clubes com mais atletas inscritos, mas também para informar que iriam ter que dispensar alguns jogadores “iriam ser dispensados e tinham que deixar o clube”.
Alguns pais não gostaram e quiseram mostrar o seu desagrado pelo modo como o Clube dispensou os filhos, com idades entre os 12 e 14 anos. “Fomos apanhados de surpresa, foi uma situação muito desagradável para nós, pais, mas muito mais para os meninos”, explica Ricardo Rocha, pai de um dos cinco atletas dispensados da equipa de Iniciados B.
Edite Freixeiro conta que no final do treino reuniram os jogadores e “à frente de todos, é que dizem, tu estás dispensado, tu estás dispensado”. Ana Costa diz que o filho veio “para casa a chorar”. Estas mães consideram que “o que fizeram foi humilhar os miúdos”. Uns já andam no futebol há alguns anos, outros só lá andavam há um ano, mas todos gostavam de jogar no Clube e reagiram mal à notícia, “o meu filho gostava muito de lá andar e para ele foi um desgosto”, andavam lá os amigos e “sentiam-se felizes por ir aos jogos, de irem jogar” conta Lucília Lúcio. Não percebem porque o Clube não formou outra equipa “como tinha sido prometido” e quais foram “os critérios” para serem aqueles jogadores a saírem, consideram que foi “muito mal feito”, sobretudo “em termos pedagógicos”. “Incentiva-se tanto o desporto nos miúdos, seja qual for a modalidade, e depois um Clube vai fazer uma coisa destas”, afirma Ricardo Rocha.
“Se tinham tantos miúdos porque é que nos andaram a incentivar para fazermos a inscrição? Foi o que eles nos fizeram logo no final da época, logo em julho, a pedirem-nos o dinheiro da inscrição, do seguro. Pagámos logo 55 euros nesse mês. Porque é que não o fizeram? E deixaram-nos ir fazer o exame médico. Criou-se uma expectativa aos miúdos, não é?”, questiona Lucília Lúcio.
João Neves, explica que só durante o mês de setembro é que perceberam, porque é nesta altura que a maioria dos atletas se inscreve e entrega os exames médicos. “Nós já estamos com 305 atletas”, começa por dizer o presidente da direção do Sport Lisboa e Cartaxo, “temos lista de espera”, neste momento “chegámos ao limite do clube. O clube não consegue mais, não tem espaço”, nem capacidade para a toda a estrutura que implica aceitar mais atletas. Questionado sobre os motivos destas dispensas João Neves justifica que “não tendo condições, não tendo espaço, sem campo próprio, treinamos em três relvados, todos sabemos qual é a realidade do clube, tivemos que tomar uma decisão, uma decisão que é uma decisão comum a qualquer clube, a qualquer desporto”.
“Abordámos os miúdos no final do treino e dissemos assim, olha, temos a lista, já temos a lista, mas não se preocupem, nós vamos falar com os vossos pais, e falámos isso no meio, na roda, e houve um atleta, que disse – eu quero saber aqui, acho que somos todos uma equipa, somos todos amigos, e nós queremos saber todos juntos”. João Neves admite que a forma como foi comunicado “não foi perfeito”, mas “nós todos na vida vamos ter rejeições a nível profissional, na vida pessoal, isto é só mais um ciclo de vida, uma outra oportunidade de fazer outra coisa” e assegura que “devolvemos todo o dinheiro, desde mensalidades, anuidades, inscrições, foi tudo devolvido”.
“Nós, no início da época, tínhamos previsto fazer uma equipa de Juvenis B, para podermos agregar alguns atletas, mas no final só tínhamos três atletas para fazer uma equipa”, realça o presidente da direção do SLC. “Como qualquer coletividade do concelho não recebemos da Câmara Municipal nenhuma ajuda a nível monetário. Há Clubes que recebem das Câmaras 120 euros por atleta e claro não podem dispensar. Se eu recebesse 120 euros por atleta da Câmara, claramente não podia dispensar. Tudo o que temos é trabalhado e arrancado a ferros”, conclui João Neves.
Os pais contam que os filhos não quiseram ir para outro escalão porque os Juvenis já são jogadores mais velhos, confirmam que o Clube lhes devolveu o dinheiro das inscrições e sublinham que o que pretendem com esta denúncia é que o que aconteceu este ano “não se repita, que isto não volte a acontecer” a outros atletas.