Memórias do Cartaxo, por Telmo Monteiro
No Museu das Miniaturas do Ateneu Artístico Cartaxense, além das muitas peças saídas das mãos de diversos artesãos e artistas do Cartaxo durante da 1ª metade do Século XX, encontram-se também outras curiosidades, tais como o livro de atas da Comissão Organizadora das Festas do Trabalho, onde se encontram detalhadas as reuniões em que se organizavam aquelas importantes festas que animavam a vila nos dias 1º de Maio.
Nesse livro de atas também encontramos diversas imagens, pintadas com cores garridas, de forma muito cuidada e cheias de pormenores, as quais se destinavam a homenagear pessoas que contribuíram para a história e progresso do Cartaxo através da sua participação em diversos aspetos. Estes escudos comemorativos, foram uma iniciativa de Joaquim Calixto da Silva Guedes, presidente do Grémio Artístico Cartaxense no início do século XX e que foi também o principal impulsionador para que aqueles eventos se começassem a realizar no Cartaxo em 1903.
Estes escudos comemorativos, segundo o referido livro de atas, foram pintados pelo próprio Joaquim Guedes, auxiliado por um pintor amador de Lisboa, de seu nome, Firmo Durão de Sá, em 1905, de forma a ornamentar a sala do Grémio Artístico Cartaxense, por ocasião das Festas do Trabalho daquele ano, felizmente sobreviveram os exemplares em miniatura.
A importância destes escudos prende-se com as muitas informações que eles nos fornecem, e sem os quais muitos daqueles nomes já teriam sido esquecidos, já não saberíamos quem fundou aquela ou a outra Associação, ou quem contribuiu decisivamente para que determinada obra se realizasse.
Bom exemplo disso é a Sociedade Filarmónica Cartaxense, fundada provavelmente em 1850 e que acaba de comemorar os 170 anos. As circunstâncias da sua origem são pouco conhecidas, uma vez que terá começado como uma organização informal e só em 1880 foi “refundada” e renovada passando a dispor de um regulamento oficial e funcionando de forma mais profissional.
De acordo com este Escudo, o fundador da Sociedade Filarmónica Cartaxense foi João António Gomes da Silva, pai do Dr. Manuel Gomes da Silva, médico do Cartaxo e Presidente da Câmara na década de 1870. Surgem também outros nomes como A.F. Coimbra, Alberto d’Almeida, José Duarte Lima e Bernardino Sena, provavelmente membros da 1ª direção da coletividade ou responsáveis pela constituição da banda filarmónica. Surgem também os nomes de Francisco Félix e Henrique de Freitas em baixo de “coreto”, significando provavelmente que foram os responsáveis pela construção de um coreto. De assinalar que não se tratará do mesmo coreto que figurou durante cerca de 70 anos no jardim da Praça 15 de Dezembro, pois este apenas foi construído na década de 1920.
Quanto aos “refundadores” da coletividade 30 anos mais tarde, de acordo com a pesquisa feita pela direção da Sociedade Filarmónica de 2010, foram António Correia dos Santos, António Giro, António Jorge Covão, Augusto Serralheiro, Joaquim Calixto da Silva Guedes, Fernando Isidro, Francisco Firmino Ribeiro da Costa, Francisco Soares dos Santos, Joaquim Ferreiro, Joaquim Polainas, Jorge Honório, José Machado, Sérgio Augusto Marques e Viriato Serafim.
Autoria do Escudo: Joaquim Calixto da Silva Guedes/ Firmo Durão de Sá
Escudo cedido para digitalização pelo Ateneu Artístico Cartaxense